Presidente da Raríssimas diz que o seu ordenado era “justo”

Paula Brito e Costa pediu esta terça-feira a demissão

Paula Brito e Costa defendeu-se esta terça-feira das acusações de que tem sido alvo desde a transmissão da reportagem da TVI sobre a associação de apoio a pessoas com doenças raras, a Raríssimas, dizendo que o seu ordenado era “justo” para quem “sabe a que horas entra, mas não sabe a que horas sai”.

Paula Brito e Costa recebia um ordenado de três mil euros brutos enquanto líder daquela associação. No entanto, um diploma aprovado em Conselho de Ministros em 2014 refere que os dirigentes de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) não podem receber mais de 1.685,28 euros mensais. Para justificar esta discrepância, a responsável explicou que não era presidente da Raríssimas, mas sim diretora-geral.

“Não sou remunerada enquanto presidente da instituição. Eu sou uma empregada por conta de outrem e saio por isso do regime das IPSS. Tenho um contrato de trabalho com uma empresa que diz que sou diretora-geral”, afirmou Paula Brito e Costa, numa entrevista ao Expresso, publicada pouco tempo depois de ter apresentado a demissão da associação.

Paula Brito e Costa explicou que o dinheiro que a associação recebia vinha “de todo o lado”: “nós vendemos serviços e temos imensos projetos privados que são os que sustentam a estrutura geral”. A responsável explicou que a Raríssimas tem “quatro ou cinco administradores, cada um na sua área, e não são pagos com o dinheiro do Estado”. Para além disso, conta com uma estrutura “que alavanca projetos internacionais e vende reabilitação de norte a sul do país”, o que faz com que haja uma necessidade de “cumprindo a lei, existir um contrato por conta de outrem”, disse ao Expresso.

Recorde-se que Brito e Costa apresentou esta terça-feira a sua demissão na sequência da polémica denunciada numa investigação da TVI que dava conta de práticas de gestão danosa da instituição. “A minha presença já está a afetar a instituição e tenho de sair. Esta é uma cabala muito bem feita”, afirmou. A presidente e fundadora da instituição é acusada de usar dinheiro da associação em proveito próprio.

Entretanto, também o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, apresentou a demissão do cargo. Segundo o i apurou, viagens feitas a convite e Paula Brito e Costa, tanto através da Raríssimas como da Fedra, estarão na origem desta decisão. Rosa Matos Zorrinho é a sucessora na pasta.