Rússia. Putin zomba da oposição e anuncia candidatura independente

Presidente russo quer o apoio dos partidos e elogiou o trabalho de Donald Trump ao fim de um ano na Casa Branca.

O presidente russo anunciou esta quinta-feira na sua hiper-conferência de imprensa anual que se candidatará às eleições do próximo ano como independente, não pelo seu tradicional partido, o Rússia Unida. “Será uma campanha auto proposta”, disse Vladimir Putin às televisões e a uma plateia na qual se encontravam 1600 jornalistas.

“Mas conto com o apoio das forças políticas que partilham as minhas perspetivas sobre o desenvolvimento do nosso país e confiam pessoalmente em mim.”

Trata-se da primeira vez que Putin se candidata como independente, embora não se antecipe nenhuma surpresa para as eleições de março. Oitenta por cento dos russos aprova o trabalho de Putin como presidente e o seu partido e outros vão quase certamente alinhar-se à sua candidatura.

E a oposição russa, como ele próprio aludiu esta quinta-feira, está de mãos atadas: “É importante fazerem mais do que barulho em público”, queixou-se o presidente russo. “É importante fazer propostas para que as coisas melhorem.”

As conferências de imprensa anuais de Putin são acontecimentos sobretudo controlados onde o presidente russo nunca é duramente confrontado pelos jornalistas ou audiência – a desta quinta-feira durou quatro horas.

Questionado sobre Donald Trump e as alegadas ligações da sua campanha às operações eleitorais do Kremlin, Putin disse que os Estados Unidos estão a atravessar uma “onda da mania da espionagem” e defendeu o trabalho do presidente americano.

“Estamos objetivamente a ver grandes conquistas, mesmo estando ele lá há pouco tempo.”

A personalidade de televisão russa Ksenia Sobchak, que diz estar a preparar uma candidatura de protesto, perguntou a Putin se tem receio do grande opositor russo Alexei Navalny, que em princípio será impedido de se candidatar em março por ter uma pena em suspenso.

Putin, referindo-se a Navalny apenas como “esse indivíduo”, sugeriu que a oposição só pretende o caos. “Quer tentativas de golpe de Estado? Já atravessámos isso. Quer realmente voltar a isso? Tenho a certeza que a grande maioria dos cidadãos russos não o deseja.”