Se for para ficar como está, todos votam Costa

A entrevista que Nuno Morais Sarmento deu ao SOL da semana passada caiu que nem uma bomba na campanha interna do PSD. 

Santana Lopes e os seus apoiantes usaram a frase dita pelo mandatário de Rui Rio como um argumento de que Morais Sarmento defenderia o voto no PS no caso de Rio não ser eleito. É um facto que a frase de Morais Sarmento é implacável: «É que se for para andar à volta, eu voto Costa. Para ficar onde estamos, eu voto Costa. Se é para gerir com habilidade política, o Costa é bom, é um político de primeira categoria».

Adureza de Nuno Morais Sarmento foi pessimamente recebida nas hostes de Rui Rio. É natural: ninguém estava à espera de ter um mandatário tão cru. Nuno Morais Sarmento acabaria por fazer uma espécie de mea culpa, admitindo, em entrevista à Rádio Renascença: «Na medida em que isso prejudica Rui Rio só tenho que me penitenciar (…) A infelicidade das palavras é minha».

E, no entanto, Nuno Morais Sarmento, está coberto de razão e faz o grande alerta desta campanha interna. É que se, de facto, não existir no PSD uma alternativa credível – não só aos anos de Passos Coelho como ao atual Governo – nas próximas legislativas o povo irá votar em Costa.

Todo aquele eleitorado que oscila entre PS e PSD, que deu maiorias absolutas a Cavaco e Sócrates e a maioria de direita que levou a um governo PSD/CDS em 2002 e 2011, votará Costa se os sociais-democratas não tiverem mais nada para oferecer senão o discurso dos amanhãs que cantam povoados com diabos – a estratégia até agora seguida no partido – ou mais do mesmo.

A popularidade de Costa está, dizem as sondagens, à volta dos 40%. Costa tem cometido erros em catadupa – dizer, como o fez nesta semana que passou, que este «foi um ano particularmente saboroso para Portugal» quando o país ainda está a aliviar o luto dos mais de 100 mortos nos incêndios é de uma falta de sensibilidade atroz.

Mas Costa não é um homem sensível e, aparentemente, o país não se importa, uma vez que a economia melhora e o desemprego desce. E ao conseguir que  um Governo apoiado pelo Bloco e PCP seja festejado pela Alemanha, Costa faz uma espécie de xeque-mate político ao maior partido adversário. E a campanha interna do PSD dá sono. A continuar assim, todos votam Costa.