Natal e a solidariedade já quase obrigatória

Natal é por excelência época de solidariedade. Nesta altura do ano todos querem ajudar, todos estão mais sensíveis às necessidades dos outros, todos querem sentir que estão a fazer algo maior.

As marcas entram neste espírito e são inúmeras as campanhas solidárias que surgem, pedindo às pessoas para contribuir, para comprar um produto que reverte a favor de x ou para aderir a qualquer outra mecânica que beneficie quem mais precisa.

Mas as campanhas solidárias não são imunes a uma certa polémica.

É comum o consumidor achar que isto mais não é do que um processo de ‘branqueamento’ da imagem das marcas, ainda por cima à custa da solidariedade dos portugueses (verdade seja dita que as próprias marcas também contribuem muitas vezes, mas isso nem sempre é visível). 

Numa época de tanto consumismo, estas causas servem ainda para nos aliviar a consciência depois de tantas compras.
Ainda assim a maior parte das pessoas contribui e não deixa que o cinismo e desconfiança tomem conta do momento. 
E porque as pessoas aderem é importante ter a comunicação e o tom certos.

É importante dar destaque à causa e alinhar a marca de forma subtil, para que não afaste a verdadeira motivação das pessoas. 

É importante ser claro na comunicação e não deixar qualquer margem para dúvidas nas mecânicas e na aplicação dos nossos donativos.

É importante ter os embaixadores mais populares que facilmente façam chegar a mensagem ao público, garantindo a maior adesão de todos.

Mas será que só no Natal é que sabemos ser solidários? Não haverá espaço ao longo do ano para trabalhar responsabilidade social de forma mais original?

Tendo em conta que ser uma marca com preocupações sociais é cada vez mais mandatório no ADN das marcas é normal que estas ações comecem a sofrer cada vez menos deste fenómeno sazonal. 

E isto é importante porque as causas sociais contribuem para uma comunicação mais relevante e para um storytelling mais atrativo que permite colocar as marcas noutro patamar. Assim, não é de estranhar que surjam campanhas solidárias novas que em diferentes alturas do ano apelam ao nosso lado mais altruísta.

Independentemente do momento, da marca, do tom ou da mensagem, o importante é ajudar. É participar numa causa maior que faz com que coisas boas aconteçam.

E voltando ao Natal, que esta época seja sempre o símbolo mais icónico disso mesmo: de coisas boas a acontecerem um pouco por todo o mundo.

*Diretora Criativa Havas Sports & Entertainment