Vieira da Silva ouvido no parlamento sobre ligações à Raríssimas

Audição acontece depois de declarações de Paula Brito e Costa que dão conta de um ‘incentivo’ de meio milhão aprovado em 2007 pelo ministro

Viera da Silva vai hoje ao parlamento dar explicações sobre a polémica em torno da Associação Raríssimas. A audição, na Comissão de Trabalho e Segurança Social, começa às 15h30 e foi marcada depois de o PS e o PSD terem pedido a presença do ministro no parlamento.

Após a demissão do secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, PSD e CDS acusaram o ministro de ter falhado na fiscalização desta associação. O próprio PS admitiu não estar satisfeito com as explicações dadas até agora pelo ministro do Trabalho e da Segurança Social.

As primeiras perguntas com que o governante vai ser confrontado deverão incidir sobre as denúncias que chegaram ao ministério relacionadas com a Raríssimas. O PSD quer saber “desde quando tem o governo conhecimento das denúncias”. 

Os sociais-democratas, que já acusaram o governo de ter de ter falhado “na ação de fiscalização que lhe compete”, querem ainda saber que “medidas foram tomadas pelo ministério e em que data”.

O CDS também já lançou várias questões sobre o comportamento do governo neste caso. Os centristas, num requerimento que enviaram ao ministro do Trabalho e Segurança Social, questionam Vieira da Silva sobre “quantas denúncias sobre a gestão da Raríssimas recebeu” e “quando e de que modo foi feito o primeiro ato inspetivo/ fiscalizador”. Assunção Cristas defendeu que é preciso apurar se o governante foi “conivente com aquela atuação”.

Vieira da Silva já garantiu que “nunca” recebeu “denúncias de gestão danosa”. O ministro, que ao longo da semana falou três vezes sobre este caso, disse estar de consciência tranquila. O primeiro-ministro também já comentou o caso com a garantia de que mantém “total confiança política” em Vieira da Silva.

Ministro implicado As ligações de Vieira da Silva à Raríssimas não são novidade, mas nos últimos dias adensaram-se as dúvidas sobre se terá movido as suas influências para beneficiar a instituição e, sobretudo, se tinha ou não conhecimento da alegada gestão danosa da ex-presidente. Isto depois de o i ter revelado que o governante sabia que Paula Brito e Costa andava a apresentar a Raríssimas como fundação, quando na verdade não o era – havendo até um parecer negativo sobre a passagem a fundação por parte da Direção Geral da Segurança Social (tutelada precisamente por Vieira da Silva). Na sexta feira, Paula Brito e Costa falou, numa entrevista à RTP, do papel fundamental de Vieira da Silva para a construção da Casa dos Marcos. 

A ex-presidente da Raríssimas garantiu mesmo que nunca nenhum político tinha ajudado tanto o projeto: “Ficar-lhe-ei grata para o resto da vida”.

Brito e Costa também lembrou um incentivo de meio milhão de euros aprovado em 2007 pelo agora ministro. Uma versão desmentida por Vieira da Silva à mesma estação. “Não concedi nenhum subsídio de meio milhão de euros à associação. Aquando da abertura de candidaturas ao programa PARES, a associação apresentou uma candidatura, a qual foi aprovada, com um investimento total de 3.170.700 euros”.

Estas são algumas das questões que a Comissão de Trabalho e Segurança Social vai querer ver esclarecidas pelo ministro esta tarde.