SICAD defende aumento do preço do álcool com valor mínimo por grama

João Goulão admite que imperiais a um euro se tornam demasiado acessíveis para os jovens

O Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) defende o aumento do preço das bebidas alcoólicas em Portugal através da definição de um valor mínimo por grama de álcool. João Goulão, diretor do SICAD, revelou ao i que a proposta chegou a ser abordada no âmbito da preparação do Orçamento do Estado para o próximo ano mas não foi para já concretizada nem pelo organismo do ministério da Saúde que trabalha na prevenção e tratamento das dependências nem pela tutela.

Goulão defendeu ontem, em entrevista à TSF, que atualmente o baixo preço do álcool em Portugal é um fator de agravamento do comportamento para aqueles que dependem da bebida, para os que abusam e para os jovens. As declarações surgiram no dia em que o “JN” revelou que tem estado a aumentar o número de jovens recém-encartados apanhados com álcool no sangue. Este ano, até outubro, a GNR apanhou 1108 condutores com carta há menos de três anos a conduzir sob o efeito de álcool, quase tantos com os 1303 detetados em todo o ano de 2016.

Mais do que o objetivo europeu de caminhar para uma taxa de tolerância zero para recém-condutores, Goulão afirmou ao i que as discussões a nível europeu têm apontado para o aumento do preço do álcool como uma solução mais eficaz em termos de redução do consumo. Uma preocupação, explica o responsável, é que essa tabela de preços seja aplicada de forma equitativa. “Se se pensasse num agravamento do imposto, por exemplo do IVA, os vinhos mais caros seriam mais taxados do que uma zurrapa, quando em termos de teor de álcool o efeito é o mesmo.”

Embora em Portugal não esteja ainda estudado um valor mínimo por grama de álcool, o responsável admite que imperiais ou vinhos vendidos a um euro são atualmente muito acessíveis.