Excesso de peso e obesidade infantil diminuem em Portugal

Estudo divulgado ontem revela que as crianças portuguesas têm hábitos mais saudáveis

Entre 2008 e 2016 o excesso de peso e a obesidade infantis em Portugal diminuíram – de 37,9% para 30,7% e de 15,3% para 11,7%, respetivamente. Os dados foram divulgados pelo Instituto Ricardo Jorge e surgiram no âmbito do COSI Portugal 2016, um sistema de vigilância nutricional infantil integrado no estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative da Organização Mundial de Saúde/Europa.

O estudo incidiu sobre 6745 crianças de 230 escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico e considerou variáveis referentes à família e ao ambiente escolar.

As conclusões apontam para um decréscimo do excesso de peso em todo o país. Entre 2008 e 2016, “todas as regiões portuguesas mostraram um decréscimo na prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade)”, dá conta a nota enviada à redação. Açores, Lisboa e Centro foram as regiões onde a descida foi mais acentuada.

Ao mesmo tempo, as crianças portuguesas andam a praticar mais exercício físico – se, em 2008, 19,7% das crianças disse nunca praticar atividade física, em 2016 a percentagem desceu para 1,7%.

O panorama altera-se no que diz respeito às crianças que vão de carro para a escola: eram 57,2% em 2008 e em 2016 foram 76,6%. Entre os aumentos está também o uso de computador para jogar – durante a semana, 75,5% das crianças disse jogar uma a duas horas por dia em 2016, contra 12,2% em 2008; ao fim de semana, 54% jogava no computador uma a duas horas por dia em 2016, uma percentagem que correspondia a 36% em 2008.

Já na escola, os hábitos alimentares parecem ter melhorado – em 2016, havia mais fruta fresca do que em 2008. E o leite simples e/ou iogurte disponibilizado nas escolas diminuiu.

Sobre os resultados revelados pelo COSI Portugal, que monitorizou crianças entre os 6 e os 8 anos, Fernando de Almeida, o presidente do Conselho Diretivo do Instituto Ricardo Jorge, disse que “sublinham o percurso muito positivo já feito nesta matéria nos últimos dez anos, mas também a necessidade de continuar a investir no conhecimento do estado nutricional da população escolar, na formação e acesso das populações a profissionais de saúde na área da obesidade infantil, na educação alimentar das famílias, na fiscalização da oferta alimentar em meio escolar e na promoção da atividade física, nomeadamente nos percursos diários entre a escola e casa”.

Neste sistema europeu de vigilância nutricional infantil – que o COSI Portugal integra – participam 40 países da Europa na OMS. O principal objetivo da iniciativa é “criar uma rede sistemática” de recolha e análise do estado nutricional das crianças.