A saída anunciada de Raul Castro do poder foi adiada para abril

Os estragos do furacão Irma são a justificação da assembleia nacional cubana para o prolongamento do mandato do atual líder de 86 anos

O fim do mandato do general Raul Castro à frente dos destinos de Cuba, que deveria acontecer a 24 de fevereiro de 2018, foi adiado para 19 de abril. O plenário da Assembleia Nacional cubana, liderado pelo próprio, decidiu que “o acontecimento imprevisível e excecional do furacão Irma”, cuja passagem pela ilha deixou um rasto de estragos, era matéria suficiente para justificar o prolongamento por mais dois meses do mandato de Castro.

Aos 86 anos (completa 87 no dia em que deveria abandonar o poder) e depois de reiteradas alusões a que só cumpriria dois mandatos e se retiraria, Raul Castro deverá ser substituído no cargo pelo vice-presidente Miguel Díaz-Canel, de 57 anos.

Professor universitário nascido já com Fidel Castro no poder, marcará uma nova era na política cubana, não só pelo facto de já não ser um Castro a liderar – desde que a revolução cubana derrubou a ditadura de Fulgencio Batista, os cubanos só conheceram dois líderes, Fidel até 2006 e o seu irmão a partir daí –, como também por elevar ao mais alto cargo da nação (o de presidente do Conselho de Estado) alguém que não passou pelas encostas da Sierra Maestra ou pela luta revolucionária.

No entanto, Raul Castro continuará a garantir que a transição não se transforma numa mudança radical de rumo, mantendo-se como primeiro secretário do Partido Comunista até 2021. Embora seja quase imponderável que Díaz-Canel venha a reforçar os aprofundamentos levados a cabo pelo nacional de abertura do mercado.