Escalada de tom no conflito de Donbass

A Rússia alerta que o fortalecimento da  defesa de Kiev pelos EUA poderá “fazer novas vítimas” e provocar um “banho de sangue” no leste da Ucrânia. O presidente da França e a chanceler alemã consideraram “inaceitáveis” as violações do cessar-fogo no leste ucraniano e apelam às partes envolvidas “a assumirem as suas responsabilidades”.

"Hoje, os Estados Unidos estão a treinar (as autoridades ucranianas) para um novo banho de sangue", disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros. "As armas dos Estados Unidos podem provocar novas vítimas no nosso vizinho", acrescentou Sergei Riabkov em comunicado.

Ontem os EUA anunciaram que reforçarão a sua assistência em matéria de defesa à Ucrânia, para que Kiev possa garantir a "soberania" de seu território e "construir a sua defesa a longo prazo". Riabkov acusou os norte-americanos de encorajarem a retomada do conflito na região de Donbass.

"Os revanchistas de Kiev estão a atirar todos os dias em Donbass, não querem realizar negociações de paz e sonham em fazer desaparecer a população indócil, e os EUA decidiram dar-lhes armas para o fazer", declarou o vice-ministro.

Outro vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo disse que a decisão de Washington prejudicaria os esforços para alcançar uma solução política para a Ucrânia."A decisão prejudica o trabalho de implementação os acordos de Minsk de 2015", disse Grigori Karassine,

Referindo-se ao acordo de paz negociado pelos países ocidentais, Karassine reiterou a posição da Rússia de que as autoridades ucranianas deveriam negociar com os rebeldes através de um "diálogo direto e honesto". Segundo o responsável, "não há outra maneira de resolver o conflito interno ucraniano”.

Também esta tarde, num comunicado divulgado pela presidência francesa, o presidente de França, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã Angela Merkel, reiteram que a solução deste conflito só pode ser "pacífica".

Macron e Merkel reafirmaram o seu apoio "ao pleno respeito pela soberania e a integridade territorial da Ucrânia" e o seu compromisso com a aplicação completa dos acordos de Minsk, assinados em fevereiro de 2015 pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, petro Poroshenko.

As partes devem, segundo os líderes, "assumir as suas responsabilidades" e "implementar o mais rapidamente possível as decisões já aprovadas para aliviar o sofrimento das populações mais afetadas pela atual situação".

De acordo com o canal de televisão ABC, citando quatro funcionários do Departamento de Estado norte-americano, os EUA previram fornecer mísseis antitanques à Ucrânia, provavelmente incluindo o sistema avançado Javelin.

O conflito, que se iniciou em 2014 na região de Donbass entre o exército ucraniano e milícias separatistas pró-russas pelo controlo do território já provocou 10000 mortos. Kiev e os países ocidentais acusam a Rússia de apoiar os separatistas, inclusivamente com armas, o que Moscovo nega categoricamente.

Já a União Europeia (UE) estendeu esta semana, por seis meses, as sanções económicas contra a Rússia pelo seu alegado envolvimento no conflito, que divide o leste da Ucrânia há mais de três anos e meio. A UE decidiu pelas sanções no verão de 2014, no auge da crise da Ucrânia, alguns meses após a anexação da Crimeia pela Rússia, seguida pela ofensiva dos rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia.