Angola. Inquérito mantém filho de JES no cargo

Na semana em que a Sonangol abriu uma auditoria às contas da gestão de Isabel dos Santos, soube-se que José Filomeno só não foi exonerado porque há uma investigação  interna a decorrer.

Dos filhos do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, só José Filomeno dos Santos (mais conhecido por Zenú) se manteve até agora a salvo das mudanças levadas a cabo pelo atual Presidente, João Lourenço. Se chegou a dizer-se que o tempo de Zenú dos Santos à frente do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) tinha chegado ao fim e que o próprio já tinha feito chegar a sua carta de demissão à Presidência, o certo é que nada se passou entretanto.

Agora a Jeune Afrique, citando  uma fonte bem informada, vem dizer que os dias estão mesmo contados para o filho do ex-Chefe de Estado e que a sua exoneração ainda não aconteceu por uma questão: está a decorrer uma auditoria interna no FSDEA. «Ele ainda não foi afastado porque está em curso uma auditoria às contas e foi-lhe pedida a sua colaboração», referiu a fonte.

Em novembro, o fundo emitiu um comunicado a considerar como «falsos rumores» a demissão iminente de Zenú dos Santos: «O FDSEA vem por este meio declarar que tais rumores são completamente falsos». E acrescentava que o fundo conseguiu em 2016 um resultado líquido de 44 milhões de dólares em 2016.

Também a Sonangol emitiu um comunicado, mas esta semana, para negar que tenha aberto uma comissão de inquérito para averiguar «supostas irregularidades atribuídas à anterior administração», liderada pela filha mais velha do ex-Presidente, Isabel dos Santos, exonerada por João Lourenço.

A empresária foi alvo esta semana de um artigo do jornalista Rafael Marques, em que se fala de um desvio de 135 milhões de dólares dos cofres da Sonangol para empresas de Isabel dos Santos através do BancoBIC Portugal (agora chamado EuroBic), de que é acionista. A AFP chegou a referir, citando o porta-voz da empresa petrolífera, Mateus Cristóvão,  que a Sonangol havia criado uma comissão de inquérito interna para averiguar a veracidade dessa informação. Afinal, esclarece a administração da principal empresa pública angolana, o que «está em curso» é «uma auditoria normal com o propósito de aferir a situação atual da empresa».

Sobre as informações de Rafael Marques e a suposta investigação às contas da sua gestão na empresa pública, Isabel dos Santos nada disse, mas a empresária não deixou de se referir a uma alegada queixa que já tinha sido apresentada na Procuradoria-Geral angolana.

«A Procuradoria-Geral da República de Angola confirma que não foi apresentada qualquer queixa-crime contra a engenheira Isabel dos Santos naquela instância, e que não estão em curso procedimentos legais de qualquer tipo, em relação a qualquer assunto relativo à empresária», esclarece a empresária num comunicado ao qual o SOL teve acesso.