Airbus prepara adeus ao A380

Fontes ligadas ao setor dizem que a fabricante tem estado a criar planos de contingência por causa deste modelo. Se acordo com a Emirates falhar, produção poderá acabar.  

Em abril deste ano, a Airbus anunciava que tinha redesenhado o A380 superjumbo com um projeto pensado para fazer jus ao nome: mais 80 lugares dentro do mesmo espaço, que contas feitas já dava para 560 passageiros. O motivo? Simples. As reduzidas encomendas dos últimos anos. De acordo com o vice-presidente da unidade de aviões, a ideia era conseguir renascer e ir de «encontro às necessidades do mercado». 

Na linha da frente, como maior operadora Airbus A380 em todo o mundo sempre esteve a Emirates. Mas, de acordo com a Reuters, várias fontes ligadas à aviação defendem que a Airbus tem estado a preparar-se para a possibilidade de deixar de lado a produção deste modelo. «Se não houver acordo com a Emirates, a Airbus iniciará o processo que vai acabar com esta produção», refere fonte liga ao processo, sublinhando que o problema continua a ser a fraca procura. 

Tanto a Emirates como a Airbus recusaram fazer qualquer tipo de comentário sobre o assunto, assim como não foi possível saber quantas pessoas estão envolvidas na produção deste tipo de avião. Ainda assim, de acordo com a Reuters, se acontecer, o fim do modelo deverá ser feito de forma gradual para que seja possível dar resposta a algumas encomendas que a Airbus tem em carteira. 

Mas afinal o que aconteceu entre a fabricante de aeronaves e a Emirates? A meio de novembro deste ano, foi tornado público que a Airbus estava sob grande pressão depois de ver a Emirates, principal cliente do A380, encomendar 40 aviões à Boeing. Em causa estava a compra do 787 Dreamliner 10 da Boeing, em vez do modelo A350. 

Mas isto foi apenas uma pequena parte do problema porque, por outro lado, a Airbus começou a ser fortemente pressionada pela Emirates para garantir a produção do A380 durante pelo menos mais dez anos. E o ultimato chegou, sem demora. Sem essa garantia, a Emirates ameaçou cancelar novas encomendas. 

A posição da Emirates foi tomada depois de ficar claro que a fabricante tem vindo a desistir deste modelo, chegando ao ponto de as novas encomendas serem feitas apenas pela Emirates. 

Tim Clark, CEO da Emirates, chegou a dizer que «eles precisam de garantias sólidas de que, se comprarmos mais aviões, a linha de produção vai ser mantida por período mínimo de anos, e que eles [Airbus] estão cientes das consequências de cancelarem a produção e deixarem-nos entregues à nossa sorte». 

«No mínimo 10 anos. São investimentos de capital consideráveis para nós e não nos podemos dar ao luxo de ter menos de 10 anos; o ideal é que fossem 15. Mas eles é que decidem», acrescentou ainda. 

Já no fim deste ano, a Emirates recebia o centésimo A380. Encomendados estavam então mais 40. Para o CEO da Emirates, não podia ser mais claro que se a Airbus parasse a produção, devido à reduzida procura por este modelo, a frota da Emirates perderia rapidamente o seu valor devido à falta de suporte. 

Recorde-se que este modelo, agora ainda com mais espaço, tem vindo a ser usado principalmente para adicionar vários luxos como bares e áreas de banho ou lojas de duty-free.