O tudo ou nada do Benfica

Na semana passada falei dos pontos fortes e fracos de Benfica e Sporting, a nível coletivo e individual. 

Considerei que o Sporting entrará amanhã no relvado da Luz com ligeira vantagem, mas a história de um dérbi nunca se escreve antes. E muitas vezes troca as voltas às previsões.

Até porque, sendo o dérbi da Luz o ‘jogo do ano’ para o Benfica, isso dará aos encarnados um suplemento de ânimo que o Sporting não tem.

Mas por que falo eu em ‘jogo do ano’ e em ‘tudo ou nada’ para o Benfica? Não é verdade que o Benfica só tem três pontos de atraso em relação ao 1º lugar? Não é verdade que ainda não chegámos a meio do campeonato e há muito tempo para recuperar? 

Infelizmente para o Benfica não é assim.

O Benfica tem obrigatoriamente de vencer amanhã. E, mesmo vencendo, ainda fica (em princípio) a três pontos do FC Porto, que neste momento é a equipa mais forte do campeonato. Recuperar três pontos ao Porto não será brincadeira nenhuma. 

É certo que uma vitória sobre o Sporting no primeiro jogo do novo ano será um tónico importantíssimo para os encarnados. A rivalidade entre Benfica e Sporting tem um peso que vai para além dos números – e quem ganhar o duelo da 2ª Circular sairá muito moralizado.

Analisemos agora o cenário da derrota do Benfica. Primeiro, será moralmente deprimente ser derrotado pelos leões no seu próprio estádio. Depois, o Benfica ficará a seis pontos não do líder mas dos dois líderes, ou seja, terá de recuperar seis pontos a duas equipas, o que não é o mesmo que ter de o fazer só a uma.

Uma diferença de seis pontos em relação a Porto e Sporting, em Janeiro, será vista como uma montanha já muito difícil de escalar. E, tendo em conta os falhanços nas outras três provas de que o Benfica já foi eliminado, a probabilidade de um novo desaire deixará os encarnados à beira de um ataque de nervos. 

Luís Filipe Vieira tem dito que Rui Vitória é o seu treinador e que nenhum resultado o afastará. Mas se o Benfica chegar ao fim da época sem nenhum título, com o acréscimo de ter sido precocemente afastado de todos, Filipe Vieira terá de repensar o que disse. Porque em todo o mundo os treinadores vivem de resultados.

E há outro problema: a possibilidade de um regresso aos tristes velhos tempos em que o Benfica não ganhava nada. Esse é outro fantasma que paira sobre a Luz. Se o título desta época fugir para o rival do Norte ou para o vizinho da 2ª Circular, quem diz que isso não significará o fim da curta hegemonia do Benfica no futebol português?

Por tudo isto, o jogo de amanhã é o jogo do ano e do tudo ou nada para Luís Filipe Vieira, para Rui Vitória e para o conjunto do plantel encarnado. Nele, todos jogam em boa parte o seu futuro.