Espanha. Ciudadanos consolida estatuto de terceira força política

Encorajado pela vitória nas eleições catalãs, o partido de Rivera e Arrimadas confirma crescimento também a nível nacional. Sondagem sugere superação dos 4 milhões de votos e mais 25 deputados no parlamento espanhol

O compromisso assumido pelo Ciudadanos para romper com o bipartidarismo político espanhol e apresentar-se como alternativa credível à direita tem apresentado argumentos cada vez mais convincentes. A plataforma política de Albert Rivera e Inés Arrimadas confirmou os sinais positivos dos últimos meses e, depois do primeiro lugar alcançado nas eleições catalãs do final de dezembro – ainda assim insuficiente para superar a maioria independentista –, volta a surgir numa sondagem como a terceira maior força política a nível nacional.

De acordo com um estudo da NC Report para o “La Razón”, divulgado esta terça-feira por aquele diário, o Ciudadanos agrega 18,8% das intenções de voto, percentagem que equivale a mais de 4 milhões de votos e à conquista de 55 a 57 lugares no Congresso de Deputados de Espanha.

Estes números representam um aumento de um ponto percentual, em relação à última sondagem – realizada em outubro, durante um dos mais mais tensos períodos crise catalã –, e de quase um milhão de votos, quando comparados com os obtidos pelo partido de centro-direita nas eleições de junho de 2016. 

O Ciudadanos conta atualmente com 32 deputados no parlamento espanhol, onde é o quarto partido mais representado, logo atrás do Podemos. A organização de centro-direita poderia assim, segundo o inquérito, ambicionar a um aumento de mais 25 parlamentares, se as legislativas se realizassem por estes dias. 

A sondagem apresentada pelo “La Razón” – realizada entre 26 e 30 de dezembro e baseada nos testemunhos de mil pessoas, distribuídas por 91 municípios e 17 comunidades autónomas de Espanha – coloca o partido de  Pablo Iglesias a 1,7% de distância do Ciudadanos e deixa-o numa situação delicada, quando comparada com o último ato eleitoral: menos 5,1% das intenções, equivalentes a uma redução de quase 1,6 milhões de votos e a uma perda estimada de 16 a 22 deputados no Congresso.

Também o Partido Popular (PP), de Mariano Rajoy, apresenta números pouco auspiciosos. Mesmo permanecendo no topo das preferências do eleitorado espanhol, o partido do presidente do governo cai 1,4% desde outubro e cerca 3% desde junho de 2016. Significa isto que num caso hipotético de eleições, o PP perderia até 10 lugares e 1,4 milhões de votos. 

Estas previsões reforçam ainda mais o papel determinante que o Ciudadanos pode vir a exercer num futuro próximo, vestindo a pele de aliado, ou mesmo de rival, dos populares. Juntos, PP e Ciudadanos poderiam alcançar uma maioria absoluta de 184 deputados. Recorde-se que foi um compromisso acordado entre o partido de Rivera e o PP que abriu caminho à investidura de um governo minoritário liderado por Rajoy.

Para além do Ciudadanos, também o PSOE consegue aumentar a sua percentagem de apoiantes. O caso dos socialistas, porém, não é propriamente inspirador. Mesmo somando 23,8% dos votos – pouco mais de 1% em relação às últimas eleições – e aumentando em 3 ou 8 o número de deputados, o partido de Pedro Sánchez pode perder até 280 mil votos e, talvez mais relevante que isso, continua a mostrar-se incapaz de contrariar o PP e de se apresentar aos eleitores como uma real alternativa de governo.