Petróleo. Ano começa com preços em alta devido à tensão no Irão

Barril arranca o ano acima de 60 dólares nos dois principais mercados pela primeira vez desde 2014. Produção da Rússia em valores recorde 

Pela primeira vez desde 2014, os dois principais índices de petróleo – WTI e Brent – negoceiam acima dos 60 dólares por barril. A tensão política no Irão poderá ameaçar a capacidade do terceiro maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). O Irão produz 3,8 milhões de barris de petróleo por dia (bpd). 

“A crescente instabilidade no Irão parece indicar um arranque de ano com preços mais altos”, revelou um analista citado pela agência Reuters. “Os riscos geoplíticos estão de novo na agenda do negócio do crude”, diz um outro especialista, citado pela agência Bloomberg. “Mas para já, ainda não há uma preocupação profunda com uma possível rutura” política no Irão. 

No entanto, e mesmo sem a crise iraniana, há um otimismo nos mercados, dadas as perspetivas de crescimento económico e da retoma de produção de crude para responder à procura, em especial da China.

Os mercados petrólíferos têm sido alimentados pelo corte de produção acordado pela OPEP e pela Rússia, que começaram em janeiro de 2017 e continuarão até ao final de 2018. Este período de cooperação sem precedentes reduziu os stocks e aumentou os preços, reorganizando o mercado mundial petrolífero e a geopolítica da energia. 

Apesar deste acordo, a indústria petrolífera russa manteve o seu crescimento, com a produção a atingir um recorde em 2017, para uma média de 10,98 milhões de bdp, mais 0,1% que no ano anterior. De acordo com o gabinete de estatísticas do Ministério da Energia da Rússia, este foi o nono aumento anual consecutivo para o valor mais alto desde a derrocada da União Soviética em 1991. 

Sob a liderança do presidente russo – Vladimir Putin está no poder há 18 anos – a produção de petróleo na Rússia quase duplicou os 6,1 milhões de bpd de 1999. Em 2018, o acordo para redução da produção deverá interromper esta expansão. 

Apesar dos cortes, a Rússia atingiu o recorde porque no ano anterior aumentou a produção a alta velocidade. Em outubro de 2016, um mês antes do anúncio do acordo com a OPEP, a produção atingiu os 11,23 milhões de bpd. O compromisso de corte de 300 mil bpd foi implementado de forma gradual, pelo que durante meses a produção continuou acima de 11 milhões de bpd. “Estamos completamente alinhados”, disse o ministro da Energia da Arábia Saudita (o priniciapl produtor da OPEP) ao lado do seu congénere russo depois da decisão de prolongar o corte de produção para 2018, anunciada em novembro do ano passado.

Segundo os analistas, apenas a uma maior produção por parte dos EUA, que está perto dos 10 milhões de bpd, poderá estorvar as perespetivas para 2018. “Uma maior produção dos EUA terá de ser monitorada com atenção, uma vez que poderá estragar os planos da OPEP para um maior equilíbrio, levando a um excesso de capacidade no mercado em 2018”, aponta um outro especialista à agência Reuters. A produção norte-americana aumentou 16% desde meados de 2016 para 9,75 milhões de bpd no final do ano passado.