Turquia. “Somos contra intervenções estrangeiras no Irão”

Governo de Erdogan sai em defesa de Rouhani. General iraniano declarou “o fim da sedição”

A Turquia está interessada na estabilidade do Irão e saiu ontem em defesa da atuação do governo iraniano durante os protestos que desde quinta-feira se multiplicam em vários pontos do país. O presidente turco, Rexcep Tayyip Erdogan, falou ontem por telefone com o seu homólogo iraniano, Hassan Rouhani, e ficou contente com o que ouviu.

Uma fonte do gabinete de Erdogan contou à Reuters que Rouhani se mostrou esperançado na conversa telefónica que os protestos acabem “dentro de poucos dias”, enquanto o chefe de Estado turco dizia ao seu homólogo que “considerou que os seus comentários sobre não violar a lei no exercício do direito de manifestação pacífica eram apropriados”. Rouhani afirmou no domingo que as pessoas tinham direito de protestar desde que não violem a lei nem danifiquem propriedade.

A relação entre Ancara e Teerão tornaram-se mais calorosas nos últimos tempos à medida que o relacionamento entre a Turquia e os Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita esfriaram. Os dois países, um sunita e o outro xiita, partilham uma fronteira e o problema da minoria curda.

O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, em declarações ao canal de televisão NTV afirmou: “A estabilidade do Irão é importante para nós. Somos contra intervenções estrangeiras no Irão.” Mevlut Cavusoglu acrescentaria ainda que “se a liderança tiver que mudar no Irão, terá de ser o povo iraniano a fazê-lo”.

Depois de quase uma semana de protestos em todo o país, com 21 mortos registados, ontem o chefe dos Guardas Revolucionários declarou a derrota da “sedição”. “Hoje, podemos declarar o fim da sedição de 96”, disse o general Mohammad Ali Jafari, referindo-se ao atual ano no calendário persa: 1396.

“Houve um máximo de 1500 pessoas em cada lugar e o número de desordeiros não excedeu 15 mil pessoas em todo o país”, garantiu Jafari, citado pela BBC, para quem “a prontidão das forças de segurança e a vigilância” permitiu a derrota dos “inimigos” que eram “ameaças culturais, económicas e de segurança para o Irão Islâmico”.

O general ainda atribuiu culpas a um “antigo funcionário” como instigador dos protestos, comentário que os analistas interpretam como sendo dirigido ao ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, membro da oposição conservadora ao governo de Rouhani e que se tem mostrado muito crítico em relação à atuação de alguns membros do governo nas últimas semanas.