“‘Trapalhadas’? Esperaste dez anos para me dizer isto?”

Santana relembrou a Rio que foi seu vice-presidente e “nunca disse nada”. Hoje, Rio defendeu a dissolução de Jorge Sampaio

2004 foi o ano que dominou tematicamente a primeira parte do debate televisivo entre Pedro Santana Lopes e Rui Rio, na RTP. No único embate, até agora, dos dois candidatos à liderança do PSD, a sua história em comum foi relembrada.

Rui Rio afirmou que o facto de o Partido Socialista ter conseguido a sua primeira maioria absoluta contra Santana Lopes deu razão à decisão de Jorge Sampaio, na altura Presidente da República, que dissolveu a Assembleia da República e a maioria PSD/CDS que suportava o governo de Santana.

Santana, por sua vez, questionou o seu adversário sobre a acusação de "trapalhadas" desse governo, feita durante a campanha interna atual, 13 anos depois. Rio respondeu que Santana sabe "muito bem" de que "trapalhadas" se está a falar, ao qual Santana retornou: "Foste meu primeiro vice-presidente e nunca disseste nada, publicamente ou privadamente". E de seguida exibiu uma fotocópia de uma entrevista de Rio enquanto seu número 2, à revista Visão, em que este dizia: "Só posso dizer bem de Santana". Corria o primeiro mês de governação de Santana, depois de Durão Barroso trocar São Bento por Bruxelas.

Rio clarificou que "o partido efetivamente queria Pedro Santana Lopes" quando Barroso saiu para a presidência da Comissão Europeia e que se se tivesse demitido e saísse da direção do partido contra Santana seria "ainda pior para o partido e para o país".