Check-up. Entre no novo ano com as contas em ordem

Aproveite o início do ano para fazer uma análise de todos os gastos. O objetivo é simples: equilibrar o seu orçamento familiar

O arranque de um novo ano é a altura ideal para fazer um balanço. Tal como as empresas, também as famílias devem avaliar o estado das suas finanças, organizar as contas da casa e definir objetivos para o ano que começa. O importante é evitar cometer os mesmos erros e definir um plano realista para as finanças familiares. No entanto, antes de olhar para a frente há que conhecer bem o estado atual das suas contas. Para isso, o i dá-lhe algumas dicas para o ajudar a avaliar o estado das suas finanças passo a passo.

1 – Faça um mapa de receitas e despesas

O primeiro passo para avaliar a saúde das suas finanças é saber para onde está a ir o dinheiro. Faça um mapa de receitas e despesas, apontando diariamente todos os encargos, do empréstimo da casa ao café. Só fazendo uma lista exaustiva das despesas vai ser possível avaliar o caminho que o seu dinheiro está a tomar. Além disso, será ainda possível avaliar o peso das diferentes despesas no orçamento familiar, de forma a reequilibrar as contas lá de casa. 

Por exemplo, no caso das despesas com a casa (empréstimo, juros, água, luz, gás, etc.), o ideal é que elas não pesem mais de 35% a 40% no seu orçamento total. 

2 – Avalie a sua capacidade de endividamento 

Este indicador é cada vez mais importante para os bancos quando um cliente pede um empréstimo. Ou seja, é a chamada “taxa de esforço”. E o que significa isto? Na prática, não é mais do que verificar quanto pesam os créditos no seu orçamento. Quanto menor for o peso dos créditos no orçamento familiar, melhor. Por isso, verifique o que acontece no seu caso. Se os créditos ultrapassam os 40% e prevê que esse valor aumente, tenha atenção, porque está na zona de alerta 

e deve iniciar um plano para reduzir o endividamento o mais rapidamente que conseguir. Caso contrário, pode cair numa situação de risco, que é a de sobre-endividado. 

3 – Conheça o seu estado financeiro 

Financeiramente saudável, equilibrado, endividado ou sobre-endividado: qual o seu estado? Este indicador é o ideal para avaliar a sua situação atual. Ou seja, saudável será quem poupa mais de 20% do rendimento mensal. Financeiramente equilibrado será quem põe de parte até 20% do rendimento mensal. Endividados serão os que não conseguem poupar, ou seja, gastam tudo o que ganham; por fim, os sobre-endividados serão os que gastam mais do que ganham e já não conseguem pagar as dívidas. 

O importante é que consiga pôr algum dinheiro de parte. Estabeleça um valor para a poupança, por exemplo, 10%, a fazer assim que receba. Nunca espere pelo fim do mês para ver se sobra, porque geralmente isso não acontece. 

4 – Elimine os gastos supérfluos

Não há nenhuma fórmula mágica para ter as contas equilibradas e conseguir poupar. Pelo contrário, é mais simples do que parece: ou ganha mais ou gasta menos. Como nas finanças pessoais nem sempre é fácil aumentar os rendimentos, há que controlar os custos. Depois de fazer o mapa de receitas e despesas, deve procurar identificar os gastos desnecessários que podem ser reduzidos ou eliminados sem que isso afete o seu bem-estar. Veja quanto pesam no seu orçamento. Pode estar aí a resposta para o facto de não poupar ou poupar pouco. 

5 – Veja se pode eliminar dívidas

Anote todas as dívidas (quanto falta pagar, prestação, prazo e juros) e defina as que quer eliminar. Deve começar pelas dívidas com os juros mais altos. Se a curto prazo não vê qualquer possibilidade de eliminar ou reduzir dívidas, a sua capacidade de desendividamento é baixa. Aproveite os rendimentos extra para reduzir o peso das dívidas. Por exemplo, se está a pensar investir, com o subsídio de Natal, num depósito que lhe dá 3% de juro, mas tem uma dívida num cartão de crédito cujo juro está fixado em 17%, está a pagar ao banco um juro mais elevado do que o juro com que o banco o remunera a si. Se assim for, o ideal é amortizar a dívida. Defina um montante que deve pôr de parte para começar a eliminar as suas dívidas. 

6 – Verifique a sua situação líquida

Para conhecer a sua situação líquida há que compreender os seus ativos e passivos. Os primeiros representam o dinheiro que põe no bolso e tem valor, enquanto passivos são as suas dívidas. Por exemplo: os depósitos ou a casa são considerados ativos. Já o empréstimo da casa é um passivo. Avaliar a sua situação líquida vai ajudá-lo a compreender como ficariam as suas finanças se utilizasse todos os ativos para eliminar os passivos. Por essa razão, deverá aplicar a fórmula: ativos – passivos = saldo líquido. Se o resultado for positivo, está no bom caminho. Significa que, se vendesse tudo hoje, teria dinheiro suficiente para pagar as despesas e ainda sobrava capital. Se for negativo, talvez esteja na altura de reavaliar o seu orçamento. 

7 – Conheça o seu nível de liquidez 

Quando analisa as suas finanças pessoais é importante que também avalie a liquidez. Para isso poderá utilizar a seguinte equação: ativos líquidos – passivos líquidos = liquidez. São considerados ativos líquidos todos os ativos convertíveis em dinheiro em menos de um ano. Passivos líquidos são as dívidas que podem ser pagas até um ano. O resultado indica o seu estado de liquidez e deve ser maior que um, porque esse é o ponto em que ambos os fatores são iguais.

O ideal é que seja maior que dois, o que significa que os seus ativos líquidos são o dobro das dívidas de curto prazo. Por exemplo, se tem 1000 euros em depósitos e tem 500 euros no cartão de crédito, o resultado é 1000/500= 2. 

8 – Crie um fundo de emergência 

Para avaliar a sua condição financeira é indispensável que saiba se está prevenido contra imprevistos. Seja o desemprego, seja uma baixa ou outra situação de emergência, há imprevistos que podem representar um descontrolo total no orçamento. Faça a pergunta: se deixasse hoje de trabalhar, por exemplo, por ficar desempregado, quantos meses conseguiria sobreviver mantendo o mesmo nível de despesas? O ideal é ter um fundo de emergência (em ativos líquidos) que lhe permita viver pelo menos seis meses com o mesmo nível de despesas – ou seja, se tem 500 euros de despesas mensais, deverá ter um fundo de emergência de três mil euros. 

9 – Poupe para a reforma 

Já começou a poupar para a reforma? Esta é uma questão que deve levantar. Embora pareça sempre algo longínquo, a verdade é que os estudos mostram que, muito possivelmente, para conseguir manter o mesmo nível de vida na idade da reforma terá de ter um complemento extra. É difícil calcular exatamente de quanto é que vai precisar para a reforma, mas faça o seguinte exercício: imagine qual será o valor do seu salário na altura da reforma, aplique a taxa de substituição e determine o valor mensal de que vai necessitar. Multiplique esse valor mensal por 20 anos (esperança média de vida para mulheres aos 65 anos) e obterá o valor total aproximado do que terá de poupar para a reforma. Na posse deste número, calcule quanto terá de poupar por mês para lá chegar. 

10 – (Re)organize a sua poupança 

Está a separar as suas poupanças em função dos objetivos? Se a resposta é não, talvez seja útil começar a fazê-lo. Crie diferentes categorias de poupança em função dos seus objetivos e sonhos. Pode definir três ou mais categorias e poupar mensalmente para cada uma delas. Ou seja, no caso de ter três categorias, do valor total que poupa mensalmente destine um terço a cada uma. Por exemplo: poupança para a reforma, fundo de emergência, poupança para amortizar créditos, poupança para carro, férias, etc. Esta separação vai permitir-lhe organizar melhor as poupanças e aumentar a saúde financeira do seu orçamento familiar, reequilibrando a sua vida financeira.