Em 2017, nasceram menos 1397 crianças em Portugal

Depois de um aumento consecutivo desde 2014, em 2017 realizaram-se menos testes do pézinho, o que indica que nasceram menos crianças

Se há um ano se noticiava um aumento, este ano noticia-se uma diminuição: em 2017, nasceram menos 1397 crianças em Portugal face ao ano anterior.

A conclusão é tirada a partir de dados do teste do pézinho divulgados pelo Ministério da Saúde, segundo os quais nasceram 86180 bebés, pelo menos – isto porque os números reunidos contemplam apenas o número de recém-nascidos estudados no âmbito do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através da sua Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética, do Departamento de Genética Humana. Em 2016, 87577 crianças tinham feito o teste.

O ano de 2017 mostra, assim, uma quebra na tendência de crescimento registada em anos anteriores: desde 2014 que a natalidade em Portugal vinha consecutivamente a aumentar.

Lisboa, contudo, segue os passos dos anos anteriores e voltou a afirmar-se, em 2017, como o distrito onde se fizeram mais testes do pézinho – 25300, menos quatro do que em 2016. É imediatamente seguida pelo Porto, que se mantém como o segundo distrito onde os casais têm mais filhos e onde nasceram 15872 crianças contra 16176 em 2016.

Listados de seguida estão Braga (6512, menos 26 do que em 2016), Aveiro (4409, menos sete face ao ano anterior), Faro – onde se realizaram 4205 testes do pézinho, mais cinco do que em 2016 – e Coimbra, que regista a redução mais acentuada deste grupo de distritos: fizeram-se 3711 testes do pézinho, menos 32 em relação ao ano passado.

Já os distritos onde nasceram menos crianças em 2017 – ou, por outras palavras, onde se realizaram menos testes do pézinho – foram, uma vez mais, Portalegre, com 643, e Bragança, com 655.

Mas, ainda assim, registou-se um aumento face a 2016: nesse ano, em Portalegre, tinham-se feito 616 testes do pézinho, e em Bragança 628.

Segundo o “Diário de Notícias”, os especialistas interpretam a diminuição registada em 2017 como natural “na evolução demográfica da sociedade portuguesa”. “A realidade deste ano é consequência do adiar da maternidade, do facto de haver menos mulheres em idade fértil, de uma migração negativa, da não divisão de tarefas domésticas e da falta de apoio à 1. ª infância”, defendem.

Quanto ao crescimento verificado nos anos anteriores, dizem corresponder “à recuperação das crianças ‘adiadas’ nos anos da crise”.

Incentivos

Recorde-se que, em 2017, o governo de António Costa aumentou a licença parental obrigatória – os 15 dias úteis instituídos ainda durante o governo de Pedro Passos Coelho, parte de um pacote de incentivo à natalidade, foram aumentados para os 20 dias úteis. A medida, no entanto, parece não ter dado frutos no que ao crescimento da natalidade diz respeito. Pelo menos, para já.

O Programa Nacional de Diagnóstico Precoce existe desde 1979 e tem como objetivo rastrear doenças graves, através do teste do pézinho. O nome advém do facto ser feita uma picada no pé do bebé para realizar a análise.

O teste deve ser realizado nos primeiros dias de vida e o resultado já pode ser conhecido pelos pais online, através de um código.