Passos Coelho: um estadista

Pedro Passos Coelho anunciou a sua saída do Parlamento após a realização do próximo Congresso do PSD. Embora tenha passado pouco tempo desde o final do Governo que liderou, Passos Coelho alcançou já o estatuto de ‘estadista’ – pelo que fez por Portugal, pela sua postura e pela sua conduta.

Com defeitos e com virtudes, deu a Portugal um contributo decisivo num momento crítico que o país viveu. Embora atacado por alguns e mal-entendido por muitos durante o período em que governou, hoje é patente o papel decisivo da sua ação para que Portugal recuperasse a dignidade e a viabilidade. Era isto que estava em causa quando iniciou a governação. Se hoje a esperança parece ter sido retomada, e o país parece em recuperação, na base está o seu trabalho determinado. Por isso – insistimos – atingiu o estatuto de estadista.

Pedro Passos Coelho iniciou funções governativas no momento em que Portugal tinha atingido um dos pontos mais críticos da sua história. É bom não nos esquecermos a quem ele sucedeu (José Sócrates) e o estado em que estava o país do ponto de vista financeiro, económico e social.

Portugal esteve mesmo à beira da bancarrota. O Estado tinha deixado de ter capacidade para honrar os mais básicos compromissos. A economia estava em recessão e o desemprego aumentava. O país tinha perdido a sua dignidade e respeitabilidade.

Passos Coelho tinha um desafio tido por muitos como impossível: recuperar o país com regras impostas por um caderno de encargos exaustivo de que não era responsável.

Quando iniciou funções, o Estado português tinha pedido auxílio financeiro externo e, em contrapartida, estava sujeito a um duríssimo conjunto de obrigações a cumprir, negociadas pelo Governo que cessara funções. Durante o período de governo de Passos Coelho, o país esteve sujeito a restrições e imposições, e a autonomia do Executivo estava fortemente limitada e vigiada pela troika.

Durante a vigência do programa de assistência financeira, muitos não acreditaram que Pedro Passos Coelho cumprisse com sucesso o programa, alguns chegaram mesmo a vaticinar a necessidade de um segundo resgate e outros suscitaram dúvidas sobre a ‘saída limpa’.

Porém, Passos Coelho e Portugal foram bem sucedidos, demonstrando que era possível aquilo de que muitos duvidaram: o Estado Português cumpriu com sucesso o programa de assistência financeira e não foi necessário um segundo resgate e a saída foi mesmo ‘limpa’.

Pedro Passos Coelho conseguiu devolver a credibilidade a Portugal e hoje é patente que foi a sua ação governativa que recuperou as condições necessárias para retomar o desenvolvimento.

O ex-primeiro-ministro foi, pois, um exemplo de verdadeiro serviço ao seu país, colocando a sua convicção e o interesse nacional à frente de conveniências políticas ou pessoais. Assim aconteceu na coordenação de um Governo que era de coligação, e até perante uma situação pessoal delicada.

Não concordo com tudo o que Pedro Passos Coelho fez no Governo ou nas decisões partidárias. Mas reconheço as suas qualidades de integridade, determinação e empenho. E, sobretudo, é hoje evidente que a sua ação governativa devolveu respeitabilidade a Portugal e reconstruiu as bases para o país voltar a crescer.

Orgulho-me de ter servido o país enquanto deputado na Assembleia da República, suportando o seu Governo num período tão difícil.

Bem sei que a gratidão é um sentimento que vai rareando na política. Mas, também por isso, manifesto a minha admiração e gratidão a Pedro Passos Coelho pelo que deu a Portugal.