Distribuição e retalho criam dezenas de milhares de postos de trabalho

Nos últimos dois anos, setor distribuidor criou dez mil empregos, mesmo número das previsões até 2020. Época de saldos traz mais contratações

Nos últimos dois anos o setor da distribuição criou dez mil postos de trabalho, o mesmo número de contratações que prevê para os próximos dois. Já o setor do retalho antevê que, à semelhança do ano passado, na época de saldos haverá um reforço de pessoal nas lojas. 

A diretora-geral da APED – Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição considera que os números de emprego na distribuição “querem dizer que estamos com capacidade de atrair pessoas para o nosso setor”, isto apesar da “dificuldade” em contratar trabalhadores já qualificados. “É um setor cada vez mais complexo. A preparação dos trabalhadores é cada vez mais exigente. Precisamos de dar muita formação. Do que nos queixamos é que não temos no mercado de trabalho pessoas formadas e que possamos contratar imediatamente sem ter de investir muito na formação”, afirmou Ana Isabel Trigo Morais à Antena 1 e ao “Negócios”.

Na entrevista, a responsável salientou que “o conjunto de empresas nossas associadas investiram, no conjunto, 30 milhões de euros em formação de pessoas” e que a capacidade do setor para gerar novos empregos até 2020 “não há de estar longe do que foi o emprego criado nos últimos dois anos”. Ainda assim, Ana Isabel Trigo Morais esclareceu que este não é “um número concreto”.

Já em relação à negociação de um novo acordo coletivo para o setor da distribuição, a diretora-geral da APED salienta que a questão do aumento salarial é um impasse, uma vez que, neste momento, a proposta que os sindicatos colocaram em cima da mesa é um aumento salarial de 4,5%, valor que a APED considera elevado. 

“Nem a economia cresce, nem os resultados das empresas, nem a inflação cresce 4,5%. Nós achamos que é um valor que está muito longe daquilo que é a nossa realidade”, afirma Ana Isabel Trigo Morais, repetindo que “o setor, em média, paga salários bastante acima daqueles que estão no contrato coletivo de trabalho”. Segundo a responsável, a proposta de aumento salarial carece de revisão “porque, entretanto, já tivemos a atualização do salário mínimo nacional”, mas uma subida está na equação. “Neste momento não me queria comprometer com um valor, não devo. Mas devo dizer que estamos disponíveis para fazer a negociação do aumento do salário e de outras coisas.” 

Reforço nas lojas Numa perspetiva de criação de emprego mais sazonal, a Randstad prevê que, depois de terem reforçado no Natal – acréscimos de pessoal de quase 50% – , as lojas contratem para a época de saldos. 
“Fazendo uma análise do que poderão ser as contratações em empresas de retalho este ano, espera-se uma subida de 30% a 40% para janeiro comparativamente com o período homólogo”, diz uma responsável da firma de recrutamento, citada pelo “Dinheiro Vivo”.

Segundo a empresa, nos últimos anos, a contratação nesta altura foi prejudicada pela subida do comércio eletrónico. Mas para 2018, este é um dos principais impulsionadores do emprego para as áreas de transporte e logística, embalagem, armazém ou motoristas.