Oscar Pérez, o militar que lançou granadas sobre Caracas, está morto

Pérez foi cercado na segunda-feira e publicou vários vídeos nas redes sociais dizendo que as autoridades não aceitavam a sua rendição e queriam matá-lo.

O homem que em julho do ano passado sobrevoou Caracas num helicóptero roubado e lançou granadas contra o edifício do Supremo Tribunal morreu na segunda-feira, abatido pelas forças de segurança venezuelanas que cercaram o edifício no qual ele e companheiros armados se encontravam escondidos. Oscar Pérez publicou vários vídeos nas redes sociais durante o cerco, dizendo que se estava a tentar render mas que as autoridades o queriam matar e não capturar.

A informação da morte de Oscar Pérez foi apenas anunciada esta terça-feira pelo ministro venezuelano da Justiça, Néstor Reverol. Segundo o governante, sete “terroristas” – o nome que o governo dá aos membros do grupo antigovernamental armado constituído por Pérez – foram abatidos durante o cerco, que durou nove horas e deu-se numa localidade perto de Caracas. Dois polícias venezuelanas morreram também na operação.

Pérez realizou outro golpe armado depois do voo de helicóptero sobre Caracas, durante o qual ninguém ficou ferido ou se registaram danos de maior. Depois dessa manobra, que se deu no pico dos protestos antigovernamentais contra Nicolás Maduro, e na qual Pérez apelou à intervenção armada contra o presidente venezuelano, ele e um grupo de militantes atacaram e roubaram espingardas automáticas a um destacamento militar, sem contudo fazerem feridos ou mortos.

O ex-militar era também ex-polícia do departamento forense – pertencia a este departamento o helicóptero que Pérez roubou para sobrevoar a capital venezualana. Ao longo dos sete meses que passou fugido das autoridades, Pérez prestou declarações a jornalistas e até participou num protesto antigovernamental. Disse então que tentava formar uma resistência armada ao governo. Maduro, por sua vez, acusava-o de estar em conluio com os EUA, buscando um golpe.

“Estão a lançar-nos granadas de foguete”, afirmou Oscar Pérez num dos vídeos de segunda-feira, no qual aparece à câmara ensanguentado, sob fogo, e agachado com alguns companheiros armados num edifício. Nesta e noutras gravações, Pérez diz que está a tentar negociar, sem sucesso, com as forças policiais. “Há cá civis”, afirma. “Já dissemos que nos entragaríamos, mas eles não querem isso. Eles querem matar-nos.”