Conheço muito bem Paulo Portas

Paulo Portas sabe que, no PSD, ninguém o conhece como eu. Tive em 2001 um processo negocial intenso com ele, que se gorou.

no governo de durão barroso, muita coisa se passou com portas, era eu primeiro vice-presidente do ppd/psd. tive com ele negociações para uma coligação para as eleições de 2005. não vou continuar.

paulo portas e eu temos encontros políticos desde 1978. li com interesse a sua biografia na revista sábado e a referência aos seus amigos e adversários no psd. a lista da jsd em que ele concorreu era encabeçada por mim. mas o meu nome não consta…

o cds e o meu governo

do que sei, o cds e paulo portas foram parceiros leais no meu governo. no que sei, não incluo o que me contaram depois. contos são contos. do que sei, de ciência certa, durante o meu governo foram leais.

não incluo aqui o comportamento partidário na fase posterior ao anúncio da dissolução. não falo em deslealdades, mas em incorrecções.

as críticas ao 1.º-ministro de personalidades do psd

um ou dois são os maiores inimigos, porque não sabem raciocinar sem ódio. outros, não serão os maiores inimigos mas são os que causam mais danos. como é compreensível.

há alternativa à tsu?

qual é a alternativa à tsu? financiar com o iva? com o irs? mas o cds tinha dito que era contra mais impostos.

que fazer? reformar o estado? muito bem! dêem sugestões concretas. reformar onde? nas águas? na companhia das lezírias? desconcentrar a administração pública? onde? rescindir com funcionários? mudar as coisas na rtp? mas se o cds é contra a privatização ou concessão…

a descida da tsu para as empresas tem também o objectivo de reduzir custos e torná-las mais competitivas. a generalidade dos empresários veio dizer que não queria, que não servia para nada (ou servia para muito pouco). assim sendo, a qualquer primeiro-ministro apeteceria pôr a medida de lado. aí, pedro passos coelho tem toda a margem. pelos empresários e pelos trabalhadores, ninguém se importa com o ‘recuo’.

só que um primeiro-ministro não pode ir pela cabeça dos outros e pelos seus juízos ou estados de alma em cada momento. um primeiro-ministro pensa pela sua cabeça.

a questão é essa, mais do que qualquer outra. mais do que arranjar substituto para os 400 milhões de euros que os cofres do estado receberiam, há que encontrar alternativa para reduzir custos e/ou aumentar a competitividade das empresas.

o primeiro-ministro tem margem política para o fazer. mas importa saber qual a margem resultante do seu pensamento e da sua convicção.

o presidente da repúbica e o conselho de estado

segundo sei, a convocatória do conselho de estado, com a presença do ministro das finanças, já estava prevista há várias semanas. nada teve a ver com a presente situação. ficou marcada para depois da avaliação da troika e na semana a seguir à participação do ministro de estado e das finanças no eurogrupo, em nicósia.

de qualquer modo, é óbvio que o anúncio da convocatória, nas circunstâncias em que ocorreu, levou a que surgisse como uma reacção do presidente à situação que se criou no governo. não terá sido culpa de ninguém, mas não foi bom. na prática, foi mais uma ‘acha para a fogueira’.

assim sendo – e como escrevo este texto antes das reuniões do psd – não sei o que poderá cavaco silva fazer. não depende dele. poderá, talvez, fazer um apelo…

a política tem regras, incluindo de física (não só de química). quando se ‘larga’ a confiança, ela cai. por força da lei da gravidade. os líderes dos dois partidos saberão se a conseguirão reerguer.