Espaço Nimas desaparece do Facebook por promover cartaz de filme de Jean-Claude Brisseau

Em novembro, a Cinemateca Francesa cancelou, depois de protestos de organizações feministas, uma retrospetiva à obra do realizador, em 2002 condenado a uma pena de um ano de prisão suspensa por assédio. Agora, em Portugal, o Facebook censurou, por nudez, vários posts e páginas de promoção da sessão sobre o último filme do realizador francês desta…

A página de Facebook do Espaço Nimas foi neste domingo removida, depois de um post de promoção de uma sessão do filme “A Rapariga de Parte Nenhuma”, de Jean-Claude Brisseau — realizador francês que viu em novembro a Cinemateca Francesa cancelar a retrospetiva à sua obra que estava prevista para este mês, depois de protestos de várias organizações feministas contra um outro ciclo dedicado a Roman Polanski.

No cartaz, o mesmo que foi utilizado para a promoção internacional do filme, em 2012 vencedor do Leopardo de Ouro em Locarno, aparece uma mulher nua.

“A página do Espaço Nimas foi removida, tal como o evento criado para a sessão na página da Medeia”, confirmou ao i António Costa, da Medeia Filmes. “Recebemos uma notificação a dizer que ia ser removido, por uma publicação com nudez explícita. É o cartaz internacional do filme, classificado para maiores de 12 anos.”

A sessão, marcada para as 19h30 desta quarta-feira, resulta de uma parceria entre a Medeia Filmes e o site de cinema “À Pala de Walsh”, com o apoio da Leopardo Filmes, de Paulo Branco, e da livraria Linha de Sombra. E, ironicamente, seguir-se-ia do debate “A criação e o artista: como separar a obra do seu criador”, depois da polémica que em França levou a Cinemateca a adiar sem data prevista a retrospetiva que estava programada para este mês.

Removido pelo Facebook foi também o evento criado pela Medeia Filmes para a sessão. Assim como um post acompanhado do cartaz do filme feito na sua página pessoal pelo crítico Luís Mendonça, que moderará o debate previsto para depois da projeção, com Cíntia Gil, diretora do Doclisboa, e Vasco Câmara, crítico de cinema do “Público”.

Nesta segunda-feira de manhã, a página do Espaço Nimas continuava inacessível. E entretanto foi criado um novo evento para a sessão, com o fundo a preto em vez da imagem censurada:

“A Rapariga de Parte Nenhuma” foi o terceiro filme estreado pelo realizador após, em 2002, ter sido detido e depois condenado a uma pena de um ano de prisão suspensa por assédio. As queixas vieram de três mulheres que o realizador obrigou masturbarem-se em frente a uma câmara durante o casting para “Coisas Secretas”, que levaria a Cannes no ano seguinte.