Luís Ismael. “Ando com este saco de pedras às costas por ter levado pessoas às salas de cinema”

Luís Ismael é o underdog do cinema português e, se muitos o subestimam, tem do vira-lata a ciência de ser um desses raros que se sabem virar num meio onde manda a sarna. Depois de ter criado a trilogia “Balas & Bolinhos”, tem agora nas salas “Bad Investigate”, e para ele sucesso não significa outra…

Nada é mais democrático que uma boa risada. A geral. Esse golo na final do campeonato do tédio que levanta um país e lhe arranca um grito que vai às cambalhotas sobre si mesmo. Quando nos partimos a rir, é então que somos todos do povo. Com toda a sua sobranceria, as obras-primas gelam diante de uma tirada que, ao estalar na sala, sobe a temperatura e faz o milho dos ânimos florir como pipocas. Luís Ismael é um dos craques entre os muitos cromos que o cinema que se propõe agradar às massas tem promovido. Se o cinema português, com grande mérito, se afirma e convence júris lá fora, falta ainda quem faça as pazes com o público da casa.

Luís Ismael não quer tirar nada do prato do cinema de autor, mas tem conseguido provar que o cinema comercial pode ser um aliado, e não esse inimigo que só sabe servir facilidades. Depois do sucesso nas salas do capítulo final da trilogia “Balas & Bolinhos”, que se tornou o 5.o filme português mais visto de sempre, estreou-se ontem “Bad Investigate”, uma comédia policial que prova ter unhas não só para fazer rir, não só para nos encostar às linhas da nossa propensão alarve, mas para nos seduzir com a sua astúcia arruaceira e uma invulgar genica para produzir boas cenas de ação e um filme mais do que competente na hora de entreter e levar à tal risada. 

 

Qual foi o balanço da trilogia “Balas & Bolinhos”?

O 3, “O Último Capítulo”, saiu em 2012, e teve os 256 mil espetadores. Mais do que o 2, porque deste só tive cinco cópias, e chegou a 58 mil espetadores, mais coisa menos coisa. 

Que tipo de odisseia houve entre fazer esta trilogia, um franchise à portuguesa, e o que foi preciso para fazer agora este “Bad Investigate”?

No 2 já tivemos a Lusomundo a pegar nele e a levá-lo para as salas de cinema, e no 3 já tivemos 42 cópias, e foi vendido por empresa norte-americana para 25 países. O que foi fantástico para nós.

E correu bem lá fora?

Muito bem. Foi vendido para países como a Holanda, Bélgica, Taiwan, China, Ucrânia, Lituânia… vários países. Normalmente pensa-se que um filme como o Balas, que é genuinamente português e até nortenho, não comunica lá fora, mas a verdade é que a comédia tem um alcance universal e há ali coisas de que toda a gente se ri. O Balas, na minha perspetiva, sempre o vi antes de tudo como uma comédia, não queria ser mais do que isso. Não queria fazer nenhum statement, nenhum manifesto sobre a vida e a sociedade. Era comédia pura, um filme para ver com os amigos e divertir-se. Queria conquistar o benefício da dúvida do público português em relação ao seu cinema.

As suspeitas de parte a parte ainda persistem?

Muitas vezes, o cinema português não consegue cumprir com as expetativas que o público tem nele, e acho que temos a obrigação, como cineastas e profissionais da área, de não ficar à espera que o público venha ter connosco, mas de sermos nós a ir buscá-lo para as salas. Sinto que tenho de o fazer, e isto não quer dizer que os outros devem reger-se pela mesma bitola, mas é aquilo que eu sinto que devo fazer. É quase uma missão, porque o que quero mesmo é ter público para os meus filmes. Como um jornalista quer que o seu trabalho seja lido, ou um escritor, como um pintor deseja que o seu trabalho seja visto. 

E este filme?

O “Bad Investigate” é acima de tudo um filme que tanta acoplar aspetos que possam torná-lo interessante noutros mercados. Isto porque eu não consigo ter subsídios neste país, não consigo marcar pontos com o ICA…

Mas houve neste caso um dispositivo automático que levou a que este filme fosse apoiado.

Houve, mas deixa-me dizer-te uma coisa, que é uma caricatura disto tudo: o “Bad Investigate”, antes de conseguir o apoio automático, já o tinha levado ao concurso do ICA e foi recusado, porque diziam que repetia a fórmula de sucesso do “Balas & Bolinhos”. Ora, eu não entendo como é que uma fórmula de sucesso pode ser uma coisa negativa. Este filme, depois, foi realizado com o apoio automático que o terceiro filme gerou.

Estamos a falar de que valores?

Nós tivemos um apoio de cerca de 240 mil euros.

E no bolo final, o que representa isso?

É 40% do orçamento, mais ou menos. 

E como angariaram o resto?

Foi a Lightbox, que é uma produtora e que o conseguiu como capital de risco, empréstimos bancários e assim. Portanto, nós chegámo-nos à frente. A ideia, agora, é fazer com que o filme se torne rentável lá fora. Para este temos duas distribuidoras – uma inglesa e uma italiana – que estão muito interessadas no filme, e agora vamos entrar no processo negocial e tentar que o filme seja exibido a nível mundial. 

Uma vez mais, nesta produção parece que ao saíres do bairro voltas a ter ao teu lado uma série de amigos. Começaram por ser um grupo de amigos que tinham o projeto de fazer filmes?

Eu já queria fazer um filme quando conheci o JD Duarte, que neste filme faz o papel do subcomissário Romeu. Ele é um cinéfilo de tal ordem que costumo dizer que é o meu IMDB pessoal, porque sabe tudo sobre cinema. Tem uma paixão enorme e, querendo eu fazer filmes, juntámo-nos com mais um outro colega, o Jorge Neto, que não entra neste filme, e o João Pires, e a química resultou no Balas 1. O 2 foi uma tentativa de melhorar o que tínhamos feito no 1, em que tudo o queríamos era tentar fazer um filme. O Balas 1, que remonta a 2001, foi também uma forma de riscar fora das linhas do politicamente correto, este esforço hoje constante para agradar a todos. Era branco ou preto. Eu queria que assim fosse, queria que houvesse pessoas a gostarem muito do filme e outras que o odiassem. Não queria uma coisa consensual.

E aquele pequeno fenómeno que se gerou depois de ter sido exibido na Sic Radical apanhou-vos desprevenidos?

Já estávamos em filmagens no Balas 2 quando o primeiro começou a mexer. As pessoas começaram a ouvir falar, na internet ia sendo divulgado, as pessoas procuravam saber mais sobre nós. E se estávamos a fazer o 2 era porque queríamos melhorar, porque achávamos que o 1 foi só o que podíamos fazer quando começámos. A ideia, agora, era tentar sair à frente, e depois surgiu a ideia de uma caça ao tesouro… No 3 já tínhamos todas as condições. Tínhamos uma equipa, tínhamos diretor de fotografia, tínhamos uma boa câmara de filmar – uma Red One que filmava a 4k -, o que nos deu uma qualidade de imagem e de som brutais. De alguma forma, foi também a nossa maneira de dizer que este projeto merecia alcançar esse patamar de ser exibido em 40 e tal salas, com sessões esgotadas e com pessoal a fazer filas para ir ver um filme português.

O cinema português ainda olha para a cultura popular com um certo snobismo?

Essa fasquia da cultura popular que acolhe filmes como o Star Wars, essas grandes manifestações que se tornaram já naturais, era um pouco por aí que queríamos ir, com ambição de ver 700 pessoas numa sala a rirem-se e a bater palmas nas sessões. Isso é uma coisa que, como cineasta, me agrada. Mas se me perguntas se vou tentar fazer esse cinema a minha vida toda, a resposta é não, não vou. Só queria era provar a mim próprio que conseguia que o público português fosse às salas ver cinema português. É importante que o nosso cinema faça essa conexão com o público. Somos o país da Europa que menos vê o seu cinema. Temos uma taxa de dois vírgula qualquer coisa por cento. Os franceses têm uma taxa de 50 e tal por cento. O cinema português tem, pelo menos, de querer mais. E as pessoas que, ano após ano, recebem milhares e milhares de euros de apoios e subsídios têm a obrigação de tratar bem o público português. 

O cinema, que se afirmou como a grande arte popular do século passado, em Portugal parece enfrentar uma dicotomia entre a arte e o seu aspeto mais apelativo ou comercial.

Tu chamaste-lhe dicotomia, eu chamo-lhe guerra civil. E vou dar-te um exemplo. Já não sei se foi na última gala dos globos de ouro ou se foi no ano anterior, mas quando o responsável se levantou para ir receber o prémio foi criticar quem fazia cinema comercial. Isso não pode acontecer. Eu não critico quem faz cinema de autor, acho que este tem o seu lugar. O que não pode é haver apenas cinema de autor, nem todos os filmes têm de almejar ser obras-primas. Não. Tem de haver filmes de ação, comédia, dramas, tem de haver margem para tudo. O nosso cinema deve ganhar condições para que nele haja alguma diversidade porque é isso que lhe dá maturidade. O cinema norte–americano tem esse grau de aculturação. E se, nos filmes americanos, eles tantas vezes salvam o planeta Terra no final, se nós não podemos salvar o planeta, podemos pelo menos contar histórias engraçadas, como a deste “Bad Investigate”.

Esse fosso acaba por ser contraproducente para todos?

Antigamente, a seleção nacional também raramente nos dava alegrias, hoje é uma febre. Acho importante haver esta aproximação entre as pessoas que fazem um cinema autoral, que não se dirige às massas, e um cinema comercial, porque este é que, de alguma forma, consegue conciliar as tensões, dotar de estruturas que depois beneficiam ambos. Lembro-me que há cerca de dez anos só havia um diretor de fotografia a trabalhar no Porto. Era ridículo. Não pode acontecer uma coisa destas. Isto, se queres ter diversidade. Precisas de quatro, cinco ou seis, porque aquele pode estar ocupado e isso não significa que vamos ter de ficar todos à espera dele. Com isto não estou a dizer que os critérios de avaliação passem do 80 para o 8 – os filmes não têm todos de ser sucessos de bilheteira -, mas as pessoas devem pelo menos sentir que o dinheiro que dão pelo bilhete é bem gasto.

Ao querer ser exclusivamente uma arte elitista, parece-lhe que o cinema cava a sua própria sepultura?

Uma das coisas que mais me surpreenderam no Balas 3 foi encontrar nos comentários que vi ao filme muitas pessoas a dizerem que aqueles tinham sido os cinco euros mais bem gastos com um filme português, ou quando diziam simplesmente que o filme valia bem o preço do bilhete. Se o cinema atrai, hoje, sobretudo os putos, é importante perceber que os cinco euros deles têm de ser respeitados. O puto vai ter de prescindir de alguma coisa para vir ver o filme. Por isso, se não critico os meus colegas que defendem o cinema de autor, o que critico é esta visão preconceituosa, limitada e que se tem por intelectual, que às vezes é quase uma forma de racismo intelectual, de que quem faz cinema comercial é filho de um deus menor. 

E porque é essa linha divisória tão persistente entre nós?

Num país que praticamente não tem cinema, não consigo perceber estas guerras fúteis. Faz-me lembrar o tipo de intrigas das revistas cor-de-rosa. É só tretas, e depois, por baixo disso, há muito jogo sujo. Muitos golpes, muitas cartas marcadas. Tem de haver uma grande operação de limpeza antes que a malta nova que surge no cinema português, com ideias e com vontade de trabalhar, consiga ter a sua oportunidade. De outro modo, o cinema português continuará a ser uma coutada dos dinossauros. São sempre os mesmos, com lugar cativo nos apoios, a receber ano após ano as verbas.

Parece-lhe então que isto são manobras de distração?

Deixa-me só fazer um apontamento final em relação a este assunto: 95% do orçamento do ICA vai para Lisboa. E isso é sintomático e é muito mau. O Estado português tem a obrigação de pegar no dinheiro que está a gerir e tentar garantir que surjam núcleos de produção de cinema no Porto, Viana do Castelo, Bragança, Faro… Onde quer que possam surgir novos cineastas, onde quer que haja vontade de fazer cinema. Neste momento, o que temos é uma centralização massiva e que desertifica o resto do país. Eu até vivia bem com uma concentração de 50% em Lisboa, mas 95%! É algo que tem de ser repensado.

E, no caso deste filme, como é que isso o afetou?

A minha maior mágoa neste filme é não ter tido mais dinheiro para poder estender o período de filmagens mais uns dias. Tive de filmar muitas cenas com um machado a pender sobre a cabeça, sabendo que não podia experimentar nem falhar melhor porque não tinha mais dinheiro. E isso, para um cineasta, e mesmo para os próprios atores – saber que temos de acertar muitas vezes à primeira ou à segunda – é muito limitador. Isto porque, amanhã, um dos atores já tem outro compromisso, já começa a filmar uma série em Espanha. Não se consegue explorar outras soluções.

Quando o Tarantino apareceu, uma das coisas que cativaram o público foi a energia e autenticidade dos diálogos, a inteligência acanalhada… Até que ponto é que os teus diálogos são influenciados pela vida ou por outros filmes?

Se há coisa que adoro são os diálogos. Tenho uma obsessão pelos diálogos. Adoro-os corridos, fluidos, diálogos que reflitam verdadeiramente as personagens. E procuro que cada uma tenha no discurso a sua identidade, se diferencie. Tento que cada um seja fiel a uma maneira de falar e de estar. Sou capaz de reler o guião centenas e centenas de vezes, modificando constantemente os diálogos. Quando termino um guião, a única coisa que está em constante aperfeiçoamento são os diálogos. Porque as cenas já estão estudadas e preparadas – é essa a esquematização que me orienta -, mas os diálogos ficam em aberto. Procuro sempre incutir neles um ritmo, e é esse sentido que valorizo acima de tudo, o ser genuíno. As falas que saem da boca daquela personagem têm de quadrar com ela e ser verosímeis. Nunca poderia pôr os Balas a falar à Linha de Cascais. É já no processo de aterragem, digamos assim, do guião que vou depurando os diálogos.

E ao nível das influências?

Já me disseram que isto lhes lembra Guy Ritchie, Tarantino, isto e aquilo. Do primeiro só vi o “Snatch”, do segundo gosto muito do “Pulp Fiction”, e é evidente que vou beber aqui e acolá coisas, mas tento ter sempre uma abordagem pessoal. O que me preocupa é se o filme consegue manter, durante duas horas, o público motivado. Contar uma história de maneira que as pessoas se sintam envolvidas, causar-lhes surpresa, diverti-las. É um desafio em relação ao qual não sei se estou à altura mas, ao terminar o “Bad Investigate”, achei que era o melhor projeto que tinha para me soltar do Balas.

Porque sentiu que era necessário marcar esse corte?

Porque se este tem uma virtude, que é ser muito popular – ainda sou reconhecido na rua cinco anos depois de ter feito o filme, as pessoas vêm ter comigo e parece que estão a falar com um grande amigo deles -, também é uma maldição porque, quando chego a sítios para pedir apoios, as pessoas tomam-me pelo personagem, o Tone. Consideram que só sei fazer aquele tipo de cinema. A questão é que, se fiz aquele tipo de cinema, foi porque era a única maneira que tinha de continuar a filmar. Porque não tenho os meios nem pessoais nem institucionais para seguir outro caminho. Sempre que me candidato ao ICA, o meu nome fica em penúltimo, antepenúltimo… Mas não desisto. Já ando nisto há quase 25 anos, já concorro ao ICA há uns 15, e nunca consegui nada a não ser este apoio automático.

Um dos aspetos mais conseguidos é o teres conseguido tirar muito dos atores num filme em que há uma grande variedade de registos. Como foi dirigir um conjunto de atores tão diverso, seja nas origens seja na experiência e background profissional?

Há muita gente que, nos créditos, assina a direção de atores. Eu gosto muito de trabalhar com atores mas, no meu caso, há um problema: sou eu que escrevo o guião. Muitas vezes sei exatamente o que é que aquela personagem é e o que não é. Deixo uma margem de 50% ao ator ou atriz para trazer coisas novas, e também para o entrosamento entre eles, mas há limites que não deixo ultrapassar. Por vezes tive de intervir e cortar certas nuances que não batiam certo com o perfil das personagens, mas depois há as chamadas buchas que eles trazem e que muitas vezes me parecem deliciosas. Tenho é de limitar porque, muitas vezes, os atores levam ao exagero a cena em busca dessas ousadias.

E não há vantagens por seres tu o guionista?

Há. Nas filmagens, quando estamos a preparar a cena, se há uma frase ou expressão que não cai bem, ou se o ator não se dá bem com ela, eu dou-lhes a confiança para mudar isto ou aquilo. Por exemplo, no caso dos espanhóis: eu escrevi esses diálogos em espanhol, mas foi através do Google Translator. Percebo mais ou menos espanhol mas, tendo os atores comigo, pedia-lhes que me transformassem aquilo num espanhol que seja falado na rua. Dizia-lhes: transforma isto num espanhol corrente, não quero que venhas para aqui declamar merdas. Quero o calão, as coisas que as pessoas se dizem, é esse tipo de dinâmicas que procuro no trabalho com os atores. De resto, uma das coisas que mais me preocupam é que as pessoas sintam confiança de que aquilo podia ter acontecido.

Fazes algum tipo de pesquisa para garantir isso?

Quando estava a escrever o guião mostrei-o ao pessoal da Polícia Judiciária, perguntando se era possível isto acontecer, isto é, vir um agente do FBI a Portugal e ser desviado por tipos a fazerem–se de polícias. Eles disseram-me que sim, que era possível ir ao aeroporto e desviar um gajo se tivessem os conhecimentos. Preocupa-me isso, o saber se é possível ou não. Quero que as minhas histórias estejam ancoradas na realidade, e principalmente este “Bad Investigate”, que quis também que servisse como uma forma de honrar as nossas forças policiais. Exceto a GNR, que não me ajudou. (Risos)

Qual é a fasquia que ambicionas para este filme em termos de público e qual é o passo seguinte?

Gostava muito que este filme atingisse, pelo menos, o número de espetadores do Balas 3. Nem que seja só mais um espetador, eu já ficava feliz. Este filme merece ser visto na sala de cinema e gostava que fosse bem acolhido, principalmente porque tive ao meu lado uma equipa muito comprometida, uma equipa que me ajudou e que deu tudo, que foi fantástica. Muitas vezes demos por nós em situações lixadas, a rapar frio depois de nos termos levantado de madrugada, em condições terríveis, e a minha equipa foi inexcedível. Nunca os vi desmoralizados. E eles merecem que este filme seja visto. Gostava muito, por isso, que o filme fosse visto pelo maior número de pessoas possível e que fosse um sucesso do cinema português. Quanto ao meu próximo projeto, gostava muito de fazer o Chico Fininho. É um filme que ando a tentar fazer há mais de dez anos. E, mais uma vez, o ICA recusou-mo. Recusou-me a escrita do argumento por causa do meu nome e porque eu fiz o “Balas & Bolinhos”. Ando com este saco de pedras às costas por ter levado pessoas às salas de cinema. Já falei com o Carlos Tê, com o Rui Veloso, só estou à espera que me ajudem a continuar a fazer cinema, porque é aquilo de que eu verdadeiramente gosto e é o que me motiva para andar aqui nesta guerra.