UGT diz haver “agitadores profissionais” na Autoeuropa

O secretário-geral da UGT diz que há “agitadores profissionais” nos representantes dos trabalhadores da Autoeuropa e que estes devem ter consciência de que sem “estabilidade interna” existe o risco de “os alemães perderem a paciência”.

Numa intervenção nas jornadas parlamentares do CDS em Setúbal, distrito onde se situa a fábrica da Volkswagen, Carlos Silva disse ser “importante que os trabalhadores ficassem cientes de que ou há estabilidade interna ou os administradores podem perder a paciência”.

O líder da UGT lembrou que há outros “países interessados” em acolher a fábrica automóvel e que “ou há estabilidade interna na empresa ou corremos o risco de os alemães perderem a paciência”.

"Há muita gente na Europa, em Navarra, na Eslovénia, na Eslováquia, da Croácia, interessada em ter a produção de outros modelos. Portanto, isto deve envolver o país, deve envolver os partidos políticos, deve envolver os trabalhadores, mas é preciso que, para os trabalhadores serem envolvidos, deixarem-se envolver", disse Carlos Silva.

O dirigente sindical acrescentou que “há uma tentativa de controlar a Comissão de Trabalhadores, e uma voz única, um pensamento único dentro da Autoeuropa” e disse esperar que os trabalhadores “saibam reagir a esta pressão que vem de determinados lados da esquerda radical deste país”.

Carlos Silva afirmou ainda que há “agitadores profissionais” nos plenários de trabalhadores da Autoeuropa e que “a revolução de 1917 não foi há muito tempo”.

O líder da UGT num painel com o presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, sobre "diálogo social para mais investimento".

Segundo António Saraiva a Autoeuropa é "a prova evidente de que com estabilidade social uma empresa progride e evolui" e "tivemos todos estes anos em que a Autoeuropa era dada como um exemplo da virtude do diálogo social e da paz social que se vivia naquela empresa".

O presidente da CIP considerou que depois da saída da anterior Comissão de Trabalhadores, a "CGTP viu ali uma oportunidade, colocando um vírus na empresa".

Segundo António Saraiva, esse "vírus inquinou o diálogo social" e é uma “tentativa de adulterar as comissões de trabalhadores, porque são elas que representam todos os trabalhadores".

Os trabalhadores da Autoeuropa começaram hoje os novos turnos, que serão aplicados até agosto, estando previstos 17 turnos semanais e onde já estão incluídos os sábados. A administração compromete-se a pagar um prémio adicional de 100% sobre cada sábado trabalhado (pagamento mensal) e um prémio adicional de 25% sobre os sábados trabalhados no trimestre, de acordo com o cumprimento do volume planeado para o trimestre (pagamento trimestral).

Apesar das garantias da empresa, a Comissão de Trabalhadores e o sindicato mais representativo na empresa, o SITESUL alegam que a Autoeuropa pretende pagar os sábados como um dia normal de trabalho e que isso será demonstrado nos recibos de vencimento de fevereiro.

O conflito interno na fábrica da Volkswagen de Palmela não se limita à implementação dos novos horários de trabalho e estende-se à própria Comissão de Trabalhadores. Ainda há pouco tempo um grupo de trabalhadores fez uma vigília à porta de fábrica, garantindo que não se sente representado pela estrutura liderada por Fernando Gonçalves e já fez um abaixo-assinado para apresentar várias propostas alternativas às solicitadas pela Comissão de Trabalhadores.

A Autoeuropa deverá atingir este ano uma produção de 240.00 automóveis, a grande maioria do novo modelo T-Roc, veículo que o grupo alemão Volkswagen pretende construir apenas na fábrica de automóveis de Palmela e que está a ter muito boa aceitação no mercado.