Os rankings e a escolha da escola pelos pais

A divulgação dos rankings desperta opiniões diversas, intencionais por vezes e outras impensadas ou pouco ponderadas.

Sem por em causa o princípio da avaliação, o que me suscita perplexidade na divulgação destes rankings é a sua ambiguidade face aos critérios do que se avalia, promovendo a ilusão da qualidade do trabalho desenvolvido pelas Escolas, como que se a classificação publicada fosse uma consequência exclusiva desse trabalho. Tal facto não deixa a sociedade indiferente, até pela excessiva ‘numerocracia’ em que vivemos e consequentemente tem alguma influência nas famílias e na sua perceção de que de melhor ou pior se faz nas escolas, o que nem sempre corresponde à realidade.
No entanto a escolha (para as famílias que podem escolher) da Escola pelas famílias é muito determinada por outros fatores. Desde logo pelo serviço que a Escola disponibiliza, seja no horário e no que este permite melhor conciliação da vida profissional com o tempo e rendimento da escola, no atendimento mais ou menos personalizado e quanto à oferta educativa (no que concerne à articulação entre o currículo e outras atividades); e também claro pela avaliação e no que ela impacta nos seus objetivos, nomeadamente na progressão de estudos e no acesso ao ensino superior. É neste plano que os rankings podem indiciar uma opção. 

As famílias (salvo erro da generalização) sabem que na maior parte das situações estes rankings não evidenciam a evolução das aprendizagens e que não consideram a diferença dos apoios extra escola que proporcionam aos seus filhos, mas por outro lado têm a esperança de que possam ser um indicador premonitório dos outros fatores que valorizam e dos seus legítimos interesses.

O que as famílias procuram é um serviço público de educação que proporcione aos seus filhos e educandos um percurso académico e educativo coerente com as suas expectativas. Perante a opinião publicada, as famílias, particularmente as que centram a sua preocupação nas médias para o acesso ao ensino superior, tendem a preferir as escolas mais bem colocadas, que em face da procura e das necessidades das famílias, adequam a sua oferta educativa e de serviço.
Os números são o que são e os rankings baseados apenas no nível de resultados finais não são, por isso e por si só, indicadores de qualidade. Contudo o contrário também não é de todo verdade e os rankings não deixam de ser um contributo para que as escolas se repensem e procurem melhorar o seu trabalho.

É urgente e fundamental repensar e alterar o nosso modelo de avaliação e o paradigma de acesso ao Ensino Superior. 
Só assim vamos conseguir de forma transparente permitir à Escola o necessário trabalho de qualidade na Educação das nossas crianças e jovens. É importante para as famílias terem uma avaliação das Escolas que lhes permita aferir as que melhor podem ancorar as necessidades educativas e de aprendizagem dos seus filhos.

Jorge Ascensão   
(Presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais)