José Cid: “Não falo de Tony Carreira porque não quero promover o próximo álbum dele, que é o primeiro de originais”

Bono Vox, Madonna e Tony Carreira não foram admitidos no novo álbum mas não passam ao lado de uma entrevista à José Cid

José Cid: “Não falo de Tony Carreira porque não quero promover o próximo álbum dele, que é o primeiro de originais”

José Cid chega à redação e o bater dos carateres é reduzido a silêncio. Não há quem não o reconheça e até os jornalistas que, pressionados pela hora do fecho do jornal, não têm ordem de soltura da secretária, espreitam pelo canto do olho. Autografam-se álbuns, trauteiam-se canções para verificar o deslumbramento e tiram-se selfies. Cid não esconde que adora. Marselfie do rock português? Nada disso. Mãe do rock português, com um bebé nos braços acabado de nascer. O “Clube dos Corações Solitários do Capitão Cid” é uma homenagem a amigos, ícones e herdeiros. De Marilyn Monroe aos Beatles, de Tozé Brito a Chico Buarque, de Natália Correia aos Capitão Fausto, não há dez mil anos de separação mas são como planetas tão distantes como Vénus e Marte. 

Apesar da sinceridade, por vezes sarcástica, e das farpas que deixa, parece conseguir estar bem com toda a gente…

(interrompendo) Com todas as gerações.

Exceto com o Tony Carreira.

Não quero falar dele porque não quero promover o próximo álbum, que é finalmente o primeiro de originais. E como vai ser melhor, merece os parabéns por isso. Finalmente vamos ter Tony Carreira a cantar originais em português.

Em entrevista ao “SOL”, não teve pejo em reconhecer que não gostou da forma como o Jay-Z usou o excerto de “Todo o Mundo e Ninguém” do Quarteto 1111.

O Jay-Z gostou muito de mim e do Tozé Brito. Logo quando o Tozé chega ao Quarteto 1111, trazido para minha casa para Lisboa, dei-lhe um poema de Gil Vicente para ele cantar. O “Todo o Mundo e Ninguém” é um dos grandes temas do 1111. Eu toquei bateria – o Michel devia estar num voo da TAP – e Hammond. O Tozé tocou piano, que devia ter sido eu, e baixo. Fizemos os dois o tema numa jam session na garagem. O Jay-Z, 50 e tal anos depois, resolveu usá-lo na abertura do “Mercy Me”. Ele meteu-lhe um vírus que é do Quarteto 1111. (risos) Está bem feito, mas parece uma pessoa a dizer 50 vezes a mesma coisa à outra. Agora a sério, foi um bocadinho frustrante ver uma música tão bonita, com um poema tão grande, não ser muito mediatizada. “A Lenda D’el Rei D. Sebastião” é só a ponta do iceberg da obra do Quarteto. Por este e aquele motivo, o Quarteto tem sido marginalizado, e agora, se o quiserem recuperar, também não contem muito comigo. Já dei para efemérides. Chamem o Tozé Brito – eu fiz 90 músicas e ele dez –, mas não tenho pachorra.

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