Republicanos publicam documento que insinua parcialidade no FBI contra Trump

O memorando revelado esta sexta não contém informação fundamental e apresenta factos descontextualizados, segundo o FBI e o Partido Democrata. 

Congressistas do Partido Republicano publicaram esta sexta-feira um documento recém-desclassificado no qual argumentam que o FBI usou informações compradas pelos democratas para aprovar uma escuta a um antigo responsável de campanha de Donald Trump. O documento, que tem três páginas e meia e foi redigido por funcionários republicanos, é alvo de duras críticas das autoridades e oposição.

Nada há no documento revelado esta sexta-feira que contrarie as notícias avançadas ao longo da semana. Resumindo, o “memo” afirma que uma das principais razões para autorizar uma escuta a um funcionário de Trump, Carter Page, trata-se de um dossier compilado pelo ex-espão britânico Christopher Steele, largamente incendiário e em parte financiado por um grupo ligado à campanha de Hillary Clinton.

Os republicanos afirmam que os investigadores do FBI e Departamento de Justiça sabiam que o dossier de Steele nascera de dinheiro democrata e não o comunicaram ao juiz que autorizou a escuta a Page. Ao sonegar essa informação, afirma o partido conservador, os investigadores distorceram a força das provas. Além do mais, o documento avança que os agentes do FBI a cargo de Page não queriam ver Trump eleito presidente.

O caso remonta aos meses da campanha eleitoral de 2016, mas os dados apresentados esta sexta-feira pelos republicanos parecem deixar de lado informações importantes. O FBI, que atualmente tem uma direção nomeada por Trump, tomou esta semana o passo invulgar de anunciar em comunicado que o “memo” republicano sofre de “omissões de material que prejudicam fundamentalmente a [sua] correção”.

A publicação do documento, aliás, parece ser uma tentativa de influenciar negativamente a investigação especial de Robert Mueller às influências russas sobre a campanha de Trump e à possível obstrução de justiça do presidente nas primeiras semanas de governo. Nada há no documento que argumente que a investigação russa começou por razões duvidosas e parecem faltar outras informações que contribuiram para autorizar as escutas a Page.

Os congressistas democratas na comissão que autorizou a publicação do documento afirmam que o texto escolhe acontecimentos descontextualizados e não dá informações relevantes que alteram a sua leitura. O Partido Democrata tentou uma autorização para publicar o mesmo documento com o contexto e a informação que diz estarem em falta, mas, em minoria, não conseguiu que os republicanos autorizassem.