Dia negro para as bolsas. Analistas falam em correção

PSI20 já perdeu os ganhos verificados desde o início do ano.

O PSI 20 arrancou a sessão desta terça-feira a perder 2,89% e continua a negociar no vermelho a derrapar mais de 1%.  Esta é a sétima sessão consecutiva de perdas em Lisboa. Se em janeiro o índice nacional acumulou um ganho na ordem dos 5%, mas essa valorização já tinha vindo a perder gás nos últimos dias e neste momento já perdeu a valorização que tinha vindo a ganhar desde o início do ano.

A verdade é que a praça portuguesa não escapa ao que se vive em relação aos outros mercados. Os receios dos investidores em torno da inflação nos EUA, que ditou uma sessão negra na Europa e nos Estados Unidos esta segunda-feira, voltaram a atingir com força as bolsas na Ásia e a Europa esta terça-feira.

No Japão, os principais índices registaram quedas superiores a 4% no fecho da sessão. E na Europa, o dia começou com o Stoxx 600, índice de referência, a negociar em níveis só vistos em junho de 2016, aquando do Brexit.

Ainda assim, os analistas admitem que podemos estar perante uma correção (expectável) nos mercados acionistas, isto depois de meses e meses de subidas.

"A queda do EUROSTOXX 600 foi a mais acentuada desde o Brexit, impulsionada pelo sell-off dos mercados norte americanos. O que começou por ser uma correção técnica aos movimentos de apreciação, passou rapidamente a um movimento de vendas massivas. Os comentários de Alan Greenspan relativamente à possibilidade de criação de uma bolha no mercado acionista e de dívida americano vieram incrementar o pânico que se espalhou pelos cinco continentes. Portugal, como economia periférica em recuperação de uma crise de dívida, segue contagiado pela generalidade das praças europeias que responderam mal aos dados do PMI retalhista. Mesmo assim, a praça portuguesa é uma das que menos perde nesta manhã, consequência das expetativas positivas em torno do mercado de dívida", revelou ao SOL, Henrique Romão Dias, gestor da corretora XTB.

Bitcoin em queda

Também o valor da moeda digital voltou estar sob forte pressão nesta terça-feira ao derrapar 15%, tendo já estado a negociar abaixo da fasquia dos 6.000 dólares.

Esta desvaloriza surgiu depois de algumas instituições financeiras americanas e britânicas anunciarem que estão a proibir os seus clientes de usarem os seus cartões de crédito na aquisição de moedas virtuais. A explicação é simples: temem que a queda do valor destas moedas deixe os seus clientes impossibilitados de reembolsar as suas dívidas. É o caso do Lloyds Banking Group que seguiu o exemplo dos norte-americanos JPMorgan Chase e Citigroup.

A Mastercard, a segunda maior rede de pagamentos do mundo, já tinha revelado que os clientes que adquiriram moedas virtuais com cartões de crédito levaram a um crescimento de um ponto percentual nos volumes de transações realizados no estrangeiro, no último trimestre do ano passado.

Esta proibição não é um caso isolado. A China já tinha proibido as negociações de criptomoedas e promete bloquear o acesso a este tipo de plataformas. Também a Coreia do Sul prepara-se para proibir negociação de criptomoedas e, como tal, o governo está a preparar uma legislação para avançar com essa proibição. 

Já Warren Buffett no início do ano mostrou-se pessimista em relação à bitcoin e perspetivou mesmo um desfecho negativo para a moeda virtual.