CIP defende novo programa de desenvolvimento da indústria

Programa poderá ser financiado pelos fundos europeus.

É necessária uma nova política industrial focada nos bens (produtos e serviços) transacionáveis, “capaz de criar um ambiente favorável à reindustrialização e à competitividade das empresas, atuando, não só, nas típicas falhas de mercado, mas também, nas falhas de sistema no que toca à inovação, mudanças tecnológicas, energéticas e ambientais e sistemas de financiamento”. A garantia foi dada por Luís Mira Amaral, presidente do Conselho da Indústria Portuguesa da CIP durante a apresentação do estudo “O Conceito de Reindustrialização, Indústria 4.0 e política Industrial para o século XXI — O Caso Português”.

Para o responsável, sem indústria e sem serviços ligados ao setor industrial, a economia perde a sua capacidade de inovação e, ao mesmo tempo, não consegue criar empregos qualificados nem sequer superar os choques adversos. “Reindustrializar não significa voltar a modelos do passado assentes na mão-de-obra barata, mas sim aderir ao modelo de economia do conhecimento, injetando conhecimento, engenheiros e recursos humanos qualificados nas empresas”. salientou Mira Amaral.  

E o economista dá como exemplo, o setor metalomecânico que precisa de mais de 28 mil trabalhadores especializados e não os encontra.

Apoiar empresas de cada cluster

A identificação, apoio e consolidação das empresas âncora de cada ‘cluster’, tradicional ou tecnológico, são vistos como vitais para a reindustrialização do país, daí a CIP considerar que “é imperativo” uma nova política industrial que se centre na competitividade das empresas e que assegure um crescimento sustentado das exportações.

“O aumento significativo das exportações e do seu valor acrescentado é um desígnio nacional, bem como o aumento da presença internacional  e da inserção das nossas empresas na economia global”, referiu Mira Amaral. 
Uma opinião partilhada pelo presidente da CIP, António Saraiva, ao lembrar que a “indústria constitui o principal elo da integração da economia portuguesa na economia europeia e mundial”, defendendo ainda, que “a reindustrialização é um imperativo para assegurar um saudável equilíbrio externo da nossa economia, capaz de sustentar sólida e duradouramente o desenvolvimento que todos desejamos para Portugal”.

O responsável chama também a atenção para o facto deste programa poder ser financiado pelos fundos europeus, como o Portugal 2020, Cosme e Connecting Europe Facility. Mas para isso, António Saraiva defende a implementação de uma política que coloque a competitividade industrial como preocupação transversal na intervenção do Estado na economia e que permita também antecipar novos mercados. “Uma política que atue através de uma correta utilização dos fundos europeus de que dispomos, com o objetivo da realocação de recursos para a produção de bens e serviços transacionáveis, com maior valor acrescentado, avançando para ‘clusters’ mais desenvolvidos e promovendo a inovação radical e incremental dos nossos produtos e processos produtivos”, conclui.