Sporting. Vasco Lourenço demite-se do Conselho Leonino

O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, entregou esta quarta-feira uma carta a demitir-se do Conselho Leonino, na sequência dos últimos acontecimentos protagonizados pelo presidente do Sporting, Bruno de Carvallho

O coronel Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, demitiu-se do Conselho Leonino. Um dos Capitães de Abril, Vasco Lourenço enviou uma carta ao presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Sporting, Jaime Marta Soares, e também ao presidente do clube, Bruno de Carvalho, a dar conta dos motivos que o levaram a tomar esta decisão.

A tomada de posição de Vasco Lourenço está relacionada com os últimos acontecimentos na atualidade sportinguista. O ex-militar explica que a decisão se prende com as palavras proferidas por Bruno de Carvalho na última assembleia-geral do clube: "O Conselho Leonino (CL), seja lá quem estiver, só funciona se um presidente quiser. Se o presidente quiser, não serve para nada. Haver ou não CL, para mim é indiferente, nunca fez mal nenhum. Agora o tempo em que as pessoas precisavam aqui de ter órgãos ou coisas para se perpetuarem no poder, acabou. Eu não preciso, votem em quem quiserem. Não preciso de cinquenta pessoas a quem dou o que for necessário para ganhar eleições. Desde que cheguei, benesses zero para o CL. Nunca me fez mal nenhum, mas não serve para nada!”

Ora, estas declarações não caíram bem a muitos elementos do CL. Entre os quais, obviamente, Vasco Lourenço: o antigo membro do Conselho de Estado considera que Bruno de Carvalho "trata o CL com desdém", acusando o presidente leonino de não dar tempo aos sócios do Sporting de analisar e estudar as propostas que pretende ver aprovadas nas Assembleias-gerais. "E assim se altera profundamente a natureza de uma instituição secular…", escreve Vasco Lourenço na missiva, acrescentando: "A Direcção tem toda a legalidade e legitimidade para fazer as propostas que entenda fazer. Mesmo que elas, uma vez aprovadas, originem profundas alterações na forma democrática de organizar e dirigir a condução dos destinos do SCP. Só não tem é o direito de o fazer sem permitir uma ampla discussão e reflexão sobre o assunto. A AG será bem mais facilmente manipulada se estiver menos informada… Como afirmei na reunião do CL, trata-se de um procedimento muito frequente nas áreas do poder político, já tive que me confrontar com situações dessas por várias vezes (costumo dizer que “para esse peditório já dei…), não seria agora, no SCP e como membro do CL, que iria aceitar o inaceitável. Ao proceder como procedeu, a Direcção apenas ficou com a legalidade do seu lado, pois a legitimidade voou para lugar incerto…".

Vasco Lourenço prossegue depois, dirigindo-se especificamente a Bruno de Carvalho. "Várias vezes fora alertado para a ideia existente de que o actual presidente da Direcção do SCP considera que 'antes dele não havia SCP, ele é o SCP, o resto é paisagem'… Confesso ter ficado estarrecido com a sua afirmação de que nos últimos 112 anos (o tempo de vida do SCP) tudo foi mau, só agora, nos cinco últimos (os da sua gestão) a casa está a ser posta em ordem… Ao disparar em todos os sentidos – numa postura pouco digna do presidente da Direcção de uma instituição secular e prestigiada, como é o SCP – apenas confirma tal percepção. Por isso lamento mas chegou a hora de eu deixar de participar no CL, consigo como presidente da Direcção do SCP. Terei sido ingénuo, ao acreditar que, apesar do ADN do seu tio-avô, almirante Pinheiro de Azevedo – ou talvez por isso mesmo – conseguiria entender-me consigo, como me entendi com esse velho amigo, que recordo com emoção e saudade. Lamento, mas não deu…", escreveu ainda o antigo militar, sentenciando: "Não dá para continuar o que vinha fazendo, mas não gostaria de entrar na sua lista de 'sportingados'…".