Depois da plataforma Mt.Gox ser alvo de um roubo de 500 milhões de dólares em 2014, os reguladores japoneses entraram em ação. O objetivo era desenhar regras que protegessem os negociadores e permitissem a um setor muito prometedor prosperar. Em abril de 2017, as novas diretrizes davam ideia de que o objetivo tinha sido alcançado.
O sistema japonês de supervisão de comércio de moedas digitais era o primeiro do mundo e foi implantado numa altura em que outros decisores políticos ainda se debatiam sobre a melhor forma de lidar com o setor.
No enquadramento nipónico, algumas criptomoedas poderiam ser negociadas, apesar de faltar a aprovação regulatória.
Um delas era a Coincheck. Mas no mês passado, hackers roubaram 530 milhões de dólares da plataforma desta moeda, num golpe que rivaliza com a Mt. Gox como um dos maiores de moedas digitais e expôs os defeitos do sistema.
Além disso, levantou questões sobre o ímpeto do Japão para regular a indústria, ao contrário de outros países, como os vizinhos China e Coreia do Sul.
A China já proibiu as negociações de criptomoedas e promete bloquear o acesso a este tipo de plataformas. Também a Coreia do Sul se prepara para proibir negociação de criptomoedas e, como tal, o governo está a ultimar legislação para avançar com essa proibição.
Vários responsáveis entrevistados pela agência Reuters, descrevem que o regulador optou por regras relativamente folgadas de forma a estimular uma indústria em grande parte impulsionada por startups. Depois da falência da Mt. Gox, o Japão não sabia como lidar com as moedas digitais, ou sequer quem teria a responsabilidade. “Não é dinheiro”, disse o então ministro das Finanças depois da falência da plataforma, questionando: “A jurisdição é dos Serviços Financeiros? Do ministério das Finanças? Dos Assuntos dos Consumidores? Do ministério da Economia?”.
Autorregulação A falta de supervisão levou a que o governo, que olhava para o setor das fintech como uma forma de promover o crescimento, tentou que a indústria das moedas digitais se autorregulasse. Foi criada uma autoridade da qual faziam parte empreendedores e startups de blockchain e criptomoedas.
Mas para facilitar o desenvolvimento da indústria foram criadas diretrizes não vinculativas e foi através de uma destas que a Coincheck foi roubada.