BCP com lucro de 186,7 milhões de euros em 2017

Para este resultado contribuiu a atividade em Portugal: 40 milhões de euros.

O lucro do BCP atingiu os 186,7 milhões de euros no ano passado. Um aumento de quase oito vezes mais face aos resultados atingidos no ano anterior ao fixarem-se nos 23,9 milhões de euros, revelou a instituição financeira liderada por Nuno Amado em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Para este resultado contribuiu a atividade em Portugal com quase 40 milhões de euros depois de ter reportado perdas de 157 milhões de euros no ano anterior, assim como o contributo estável da atividade internacional. Ainda assim, esta recuou 15% para 173 milhões, no entanto, o banco atribuiu esta queda  à aplicação de regras de auditoria em Angola, por ter sido considerada uma economia de alta inflação, país onde o BCP está com o Banco Millennium Atlântico.

A margem financeira da instituição (diferença entre juros cobrados em créditos e juros pagos em depósitos) ascendeu 13,1% para 1.391 milhões de euros no ano passado. A descida das remunerações atribuídas nos depósitos e o facto de já não ter CoCos são os motivos para este aumento.

Comissões sobem 

As comissões cresceram 3,6% para 666,7 milhões, sendo que os resultados de operações financeiras cederam 38% para 148,4 milhões. 

“Na atividade em Portugal, as comissões permaneceram em linha com os valores observados no ano anterior (menos 0,2%), não obstante o registo pontual de um valor mais elevado em outras comissões bancárias no primeiro trimestre de 2016. O aumento das comissões líquidas em 2017 beneficiou do crescimento quer das comissões bancárias (+2,7%), quer das comissões relacionadas com os mercados financeiros (+7,6%) face aos valores registados em 2016”, salienta.
No Amado, durante a conferência de imprensa, deixou em aberto a possibilidade de novos aumentos de comissões durante este ano. 

Já os  custos operacionais  do BCP cresceram 22% para 954,2 milhões de euros, devido aos efeitos da negociação e revisão do Acordo Coletivo de Trabalho. Ou seja, sem esse impacto, o avanço era de 0,3%. 
Os recursos totais de clientes cresceram 6,6% para mais de 71 mil milhões, com um avanço de 4,5% nos recursos de clientes (sobretudo depósitos) e uma expansão de 13% nos recursos fora de balanço (produtos de capitalização e fundos de investimento).

O crédito a clientes cedeu 1,6% para quase 51 mil milhões de euros em 2017, face ao ano anterior, com quebras de 3,1% nos particulares, mas com um avanço de 0,3% nas empresas. “O rácio do crédito em risco no crédito total fixou-se em 9,3% em 31 de dezembro de 2017, melhorando face aos 10,9% de 31 de dezembro de 2016”, informou a instituição.
O banco cortou em 1,8 mil milhões de euros a carteira de exposições não rentáveis, em que se incluem os créditos malparados, estando agora em 6,8 mil milhões de euros. 

“As outras imparidades e provisões totalizaram 301,1 milhões de euros em 2017, apresentando uma diminuição de 37,4% face aos 481,1 milhões de euros registados em 2016, suportada essencialmente no menor nível de provisionamento relacionado com fundos de reestruturação empresarial, instrumentos de dívida e garantias e outros riscos, não obstante o reforço da imparidade para goodwill e outros ativos”, diz o banco.

Em termos de capital, o rácio que mede o peso dos melhores fundos próprios, o Common Equity Tier 1, ficou acima do mínimo exigido. “O rácio CET1 estimado em 31 de dezembro de 2017 fixou-se em 13,2% phased-in [aplicação transitória] e em 11,9% em fully implemented [com aplicação total das novas regras], refletindo acréscimos de 80 e de 224 pontos base, respectivamente, face aos rácios de 12,4% e de 9,7% reportados no final de 2016, acima dos rácios mínimos definidos no âmbito do SREP” para o ano de 2017 (CET1 8,15%)”, revela em comunicado.
Recorde-se que, a  justificação para esta evolução deve-se ao facto de a instituição financeira ter levado a cabo um aumento de capital do ano passado com a Fosun a reforçar a sua posição.

Nova administração

Em relação à nova administração do BCP, Nuno Amado referiu que “é um tema e um tempo dos acionistas”, ainda assim, admite  que possa existir redução”do número de administradores, mas é algo “que ainda está a ser trabalhado” e que será alvo de decissão na próxima Assembleia-geral do banco agendada para 15 de maio. 

Para já, os administradores com processos judiciais – nomeadamente o vice-presidente do banco Carlos Silva assim como António Mexia – vão continuar com as suas funções até à assembleia-geral.  "O banco tem uma comissão que acompanha estes temas de ‘governance’, analisou a situação com base nas informações disponíveis, levantou o tema em conselho de administração e concluiu que não havia razão para mudar o que quer que seja, designadamente com administradores que têm tido um papel tão importante para a recuperação de banco”, revelou Nuno Amado. 

Aliás, em relação a Carlos Silva, o banqueiro esclareceu que este participou na reunião do conselho de administração de apresentação de contas e mencionou o seu contributo para o plano de reestruturação que esteve em vigor no ano passado.