Os primeiros lucros do Twitter mostram que há ali negócio

Mais de 330 milhões de utilizadores depois, a rede social anuncia lucros líquidos de 91 milhões de dólares

As ações da Twitter na bolsa aumentaram mais de 20% na quinta-feira passada quando a empresa anunciou o primeiro lucro da sua história. Com receitas de 732 milhões de dólares, mais 45,9 milhões que os cálculos da Thomson Reuters, a rede social mostrou que, além de um negócio sólido, bem implementado e com boas perspetivas, também dá lucro.

Os 91 milhões de dólares de lucro são ainda uma gota de água num mar de investimento até agora. As receitas subiram 2% em relação a 2017, enquanto a publicidade cresceu 7%, mas a perspetiva dos analistas é positiva em relação à evolução da empresa.

Apesar do número de utilizadores ativos mensais ter aumentado apenas 4%, quando comparado com o ano anterior, o número de utilizadores ativos diários subiu uns substanciais 12%, desafiando as expectativas. Os cálculos da FactSet e da StreetAccount apontavam 332,5 milhões de utilizadores ativos e a rede social quase conseguiu chegar aí, superando os 330 milhões, diz o site da CNBC.

Depois dos números positivos, a empresa já fez saber que 2018 será “um ano de investimento”, querendo com isto dizer que não é de esperar grande lucro. Tendo em conta os problemas que atravessa o Facebook, a rede social está interessada em melhorar a “qualidade da informação”, intensificando o controlo do que é publicado, removendo o conteúdo pernicioso, o spam e as contas falsas. Ao mesmo tempo quer melhorar a forma de identificar as contas credíveis.

A empresa diz que as pessoas estão a usar cada vez mais o Twitter e não é pela empresa ter, em novembro, multiplicado por dois o tamanho das mensagens (o limite de 140 carateres passou a ser agora de 280): “Uma das coisas que estávamos à espera de ver era o aumento do tamanho médio dos tweets em resultado disso e não aconteceu”, afirmou o CEO da empresa, Jack Dorsey, citado pelo The Verge. Em vez disso, a tendência é haver mais ligação entre os utilizadores e a rede, afirma o CEO.

Pouca influência em Portugal Em Portugal, no entanto, o Twitter nunca conseguiu alargar a sua base de utilizadores. O ano passado, um estudo da Mediapost e da comScore, citado pelo Sapo, colocava a rede social apenas no sexto lugar, com um alcance médio de 5,7%, bem abaixo da média europeia de 9,8%. De acordo com o estudo, o número de visitantes únicos no Twitter, 311 mil, era exatamente 1/10 do Facebook, que liderava em Portugal com 3,119 milhões de visitantes únicos.

De acordo com o último relatório de notícias digitais da Reuters, que incluiu dados sobre Portugal compilados pelo Observatório de Comunicação, o Twitter surge apenas em oitavo lugar – em quarto lugar se contarmos apenas a utilização para fins noticiosos. O que os números mostram é que a rede social continua a não conseguir uma grande aderência em Portugal. Embora seja certo que 52% dos inquiridos pelo estudo a olhem como “uma rede útil para consultar notícias”.