Sócrates acusa Santana Lopes de ser o cérebro por trás do caso Freeport

Em entrevista ao site É Apenas Fumaça, diz que as contas do seu governo eram rigorosas, mas veio a crise económica

José Sócrates deu uma longa entrevista ao site É Apenas Fumaça onde, entre outras coisas, acusa Pedro Santana Lopes, na altura em que era líder do governo, de ter arranjado forma de o atacar politicamente com a investigação ao caso dos terrenos da Freeport em Alcochete, um processo que estaria ligado ao período em que o antigo primeiro-ministro era secretário de Estado do Turismo.

“O caso Freeport foi construído, planeado e concebido no gabinete do primeiro-ministro Santana Lopes, com um único objetivo: atingir ou criar um caso contra o líder da oposição. Foi a primeira vez na nossa democracia que tivemos um caso desses”, acusou Sócrates.

Para o antigo líder socialista, a Polícia Judiciária recebeu todas as indicações para o investigar diretamente do entorno do então chefe de governo, “informadores como o chefe de gabinete do primeiro-ministro e os seus assessores”.

Na entrevista gravada em vídeo no dia 29 de janeiro, José Sócrates elogia-se dizendo: “Desculpem a imodéstia, mas a última vez que o país teve uma ideia para o seu desenvolvimento, a última vez que houve um partido político que apresentou a sua perspetiva para a modernização do nosso país foi quando nós apresentámos o Plano Tecnológico.”

Sócrates aproveita ainda para dizer que não fosse a direita ter alterado a forma de aferir as contas públicas, o seu governo teria tido em 2007 “o défice mais baixo da democracia portuguesa”. As “manobras da direita política”, explica o ex-líder socialista, em conjunto “com a direita política europeia”, levaram a que esse número fosse corrigido. Bruxelas, diz, “achou que devia mudar as regras da contabilidade, exatamente para pôr em causa os governos anteriores”.

“A ideia do investimento é uma ideia equivocada, nós fizemos uma política de grande rigor nas contas públicas”, salienta o ex–primeiro-ministro, para responder a todos aqueles que acusam o seu governo de ter feito investimentos megalómanos que acabaram por levar à intervenção da troika e ao plano de resgate financeiro a que o país esteve submetido.

Aquilo que aconteceu, explica Sócrates, é que mesmo com todo o rigor do seu governo nas finanças públicas, em 2008 veio a crise mundial. “Começámos a sentir, como todos os países, a maior crise económica e financeira dos últimos 100 anos – superior, aliás, em 2009 e 2010, à crise financeira de 1929”, justificou.

Sobre a ação do governo de Passos Coelho, que lhe sucedeu, diz que estava num buraco “e continuava a escavar”, e quanto mais austeridade impunha “mais se enterrava”. “O que este governo fez foi, pura e simplesmente, parar de escavar. Eles pararam de escavar e a coisa começou logo a melhorar.”

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