Ainda há estrelas no céu de Berlim

Ilha dos Cães, do texano Wes Anderson, animou o arranque de um festival dominado pela bandeira da igualdade no feminino. 

Já vai de vento em popa a 68.ª edição da Berlinale, o festival de cinema de Berlim. E levantou voo bem alto com a animação do texano Wes Anderson, Ilha dos Cães, um filme protagonizado por um grupo de cães exilados numa ilha japonesa que serve de depósito de lixo. Tal como a anterior animação do cineasta, em formato de stop motion, O Fantástico Senhor Raposo (2009), assume esse lado efabulado e meticuloso, onde é acompanhado por um pequeno exército de nomes sonantes que emprestam a sua voz na dobragem. Do inevitável Bill Murray a Edward Norton, passando por Bryan Cranston ou Scarlett Johansson e incluindo mesmo uma participação de Yoko Ono.

Este será um dos filmes a merecer a avaliação do cineasta alemão Tom Tykwer, presidente do júri para a escolha do Urso de Ouro, onde é acompanhado pela atriz belga Cécile de France, o programador espanhol Chema Prado, a produtora americana Adele Romanski, o compositor japonês Ryuichi Sakamoto e ainda a crítica de cinema americana Stephanie Zacharek.

Seja pelos tempos de luta pela igualdade de sexos, seja pela falta de propostas mais sonantes, a verdade é que a seleção dos filmes em competição (ou mesmo fora de competição) não parece ter atraído muitas vedetas à capital alemã. Ainda assim, sempre teremos Robert Pattinson ao lado de Mia Wasikowska, no western feminista Damsel, dos manos David e Nathan Zellner, bem como Joaquin Phoenix a fazer de tetraplégico no filme de Gus Van Sant, Don’t Worry, He Won’t Get Far On Foot, inspirado na história verídica do cartoonista John Callahan 1951-2010), forçado a usar o humor para recuperar a alegria de viver após um grave acidente de viação.

Outro dos filmes que tem agitado as atenções é Unsane de Steven Soderbergh, não só por ter sido realizado com um smartphone, mas também por contar com a atriz britânica Claire Foy (excelente na série da Netflix The Crown) no papel de mulher que procura compreender por que foi enviada para uma instituição para doentes mentais. 

Vale ainda a pena destacar Eva, de Benoit Jacquot, com Isabelle Huppert no papel de prostituta de luxo, ou as italianas Valeria Golino e Alba Rohrwacher a disputar a custódia da filha adotada em Figlia Mia, de Laura Bispuri. Teremos ainda a ópera rock de quatro horas do filipino Lav Diaz.

Os vencedores serão anunciados no próximo sábado, dia 24.

Uma parceria SOL/www.insider.pt