Depois de costa quem virá?

Uma nova geração no PS está a preparar-se para o pós-costismo. Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes ou Fernando Medina são figuras incontornáveis no futuro do partido.

Depois de costa quem virá?

Ao contrário do PSD, que a seguir a Passos Coelho, um dos líderes que mais marcou o partido, não tinha uma nova geração disponível para tomar o poder, o PS não tem falta de jovens com ambição que começam a preparar-se para o pós-costismo.

Os socialistas esperam que António Costa esteja para durar, mas também não escondem que nos bastidores começam a traçar-se cenários sobre o futuro do partido. Há nomes evidentes como o de Pedro Nuno Santos. «Não tenho dúvidas de que ele quer ser líder do PS», diz um socialista. Outros menos evidentes como o de Ana Catarina Mendes, a número dois do partido. «Ela não demonstra essa vontade, mas é um nome falado. Seria a primeira mulher a liderar o PS»; diz outro dirigente do PS.

Fernando Medina é outra das possibilidades. De uma maneira ou de outra, os três estão ligados a António Costa. Nuno Santos foi o escolhido para secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares com a importante missão de colocar a geringonça a funcionar no dia a dia. Ana Catarina Mendes foi escolhida para número dois do PS e Fernando Medina ficou com o lugar de presidente da Câmara  de Lisboa quando António Costa resolveu candidatar-se a primeiro-ministro. 

Vamos por partes. Pedro Nuno Santos, que alguns socialistas tratam como o maestro da geringonça, foi eleito, há muitos anos, dentro da ala esquerda do PS como aquele que teria mais condições para um dia liderar o partido. Entrou para o PS muito novo e liderou a Juventude Socialista, onde fez amigos como Duarte Cordeiro, que agora se candidata à influente Federação da Área Urbana de Lisboa do Partido Socialista, Pedro Delgado Alves, deputado, ou João Galamba, porta-voz do partido  «Há de ser primeiro-ministro», disse Ana Gomes, numa entrevista ao jornal online ECO.

Pedro Nuno Santos já foi questionado inúmeras vezes sobre as suas ambições políticas. Nunca nega que tem ambições, mas não é obviamente possível ir mais longe a tanto tempo de distância. «Estou focado no trabalho que nós no governo temos de fazer», disse, numa entrevista à RTP. Numa entrevista à SIC, o ex-líder da JS concedeu que só lhe falta liderar o PS «a nível nacional», mas «é uma questão que não se vai colocar nos próximos anos». 

A ascensão do secretário de Estado não será indiferente ao desempenho da geringonça ou não fosse um dos maiores e mais antigos defensores de uma viragem à esquerda. Já assumiu que Costa não conta com ele para alianças à direita e, esta semana, num artigo no Público, deixou clara a pretensão de que «a mudança política conseguida em 2015 seja uma efetiva viragem e não apenas um parêntesis na história do PS e da democracia portuguesa». Não foi há muito tempo que se rendeu ao Facebook e criou uma página para partilhar as suas entrevistas e artigos e opinião. 

Mais discreta, Ana Catarina Mendes ganhou protagonismo quando chegou a secretária-geral adjunta do PS. Conhece bem a máquina partidária e tem o trunfo de ter liderado com sucesso o processo das autárquicas. «Foi um resultado brutal. Poucos acreditavam que fosse possível ter mais do que as 150 câmaras conquistadas no tempo de Seguro», diz um deputado. Desde o início do mês que participa no programa Xeque-Mate, na TVI, em que debate com Luís Montenegro, um dos nomes apontados para a liderança do PSD. 

Fernando Medina tem menor ligação à máquina do PS, mas não terá menos ambição. Quando lhe perguntaram, numa entrevista ao Diário de Notícias, se queria um dia ser primeiro-ministro respondeu com a garantia de que nunca orientou a vida pelo «cargo seguinte». E acrescentou: «o futuro, será o que for». Uma forma clássica de não fechar a porta a nenhum cenário. É próximo de figuras influentes no partido como Vieira da Silva, que o convidou para secretário de Estado, nos governos de José Sócrates, quando foi ministro do Emprego e da Economia. O grande salto foi, porém, quando chegou à presidência da maior câmara do país. Tal como Costa fazia quando estava na câmara, Medina comenta todas as semanas a atualidade política na televisão. 

Se a geringonça acabar mal…

Francisco Assis, que liderou a contestação a Costa e à aliança à esquerda, tem andado mais apagado com o sucesso da geringonça, mas não é uma carta fora do baralho. «Nunca deixará de estar interessado em discutir as ideias dele», diz o ex-deputado Ricardo Gonçalves. O eurodeputado poderia entrar em cena se a geringonça falhasse, mas também já admitiu encerrar a vida política «daqui a dois anos». Há quem pense, no entanto, que é muito novo. Carlos César seria outro dos nomes possíveis para liderar um PS mais moderado. Não faltam candidatos a candidatos, mas, até lá, todos esperam que esse dia esteja longe. Ou não fosse o PS um partido que gosta do poder.