Casas. Preços disparam mas vendas são feitas em tempo recorde

Valores vão continuar a subir, pelo menos, nos próximos cinco anos. Mediadoras admitem que casas são vendidas em menos de três meses

Os preços das casas continuam a aumentar e a tendência é para se manter, pelo menos, nos próximos cinco anos. Os mediadores e promotores imobiliários anteveem uma subida média anual de 6% e apontam a escassez de oferta face a uma procura crescente como o principal fator para a limitação da atividade transacional e para a pressão sobre a subida de preços, revela o estudo da Confidencial Imobiliário (Ci). 

Aliás, os valores dos imóveis no mercado nacional já recuperaram para níveis relativamente próximos dos verificados em 2007, ao contrário de Espanha, Irlanda e Grécia, os outros países europeus que foram igualmente alvo de programas de resgate financeiro. Nestes países, o mercado também atravessa um momento positivo embora, os preços ainda se encontrem afastados dos níveis praticados em 2007. Na Grécia, o mercado chega mesmo a registar uma tendência de queda.

Ainda assim, os imóveis são vendidos a preços recorde. O dinamismo do mercado imobiliário tem resultado em transações cada vez mais rápidas, uma tendência que acaba ser suportada pela maior facilidade na concessão de crédito à habitação. Segundo as várias mediadoras que operam no mercado português, as casas são vendidas em menos de três meses.

Também a APEMIP já tinha admitido, no início deste mês, que mais de 80% dos imóveis transacionaram-se em menos de seis meses, “uma rapidez que confirma o bom momento do mercado”, revelou na altura. 
“É absolutamente fabuloso assistir a esta dinâmica, sobretudo quando comparada com aquela que existia há cerca de dois/três anos, em que os ativos em carteira levavam até dois anos a ser transacionados”, lembra o Luís Lima, Presidente da APEMIP 

Segundo a associação, no que diz respeito às tipologias mais vendidas, mais de metade (61%) recaiu sobre os T1 e T2, seguindo-se os T3 no topo das preferências dos portugueses com 31% das transações efetuadas.

Razões desta recuperação

De acordo com a Confidencial Imobiliário, o facto de Portugal liderar a recuperação pós-crise face a estes países tem também a ver com o ritmo de queda dos preços, com o nosso país a apresentar uma maior contenção nas descidas durante os anos da crise.

“Portugal foi o país que melhor se comportou, tendo apresentado ajustamento de preços em baixa menos tempestivos do que a Irlanda, Espanha ou Grécia, razão pela qual está agora também mais próximo do que estes países dos níveis de preço anteriormente praticados”, diz Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.

A Irlanda foi o primeiro destes quatro países a iniciar o seu percurso de recuperação, mas foi também aquele que mais imediatamente reagiu ao despoletar da crise, sofrendo inicialmente quedas de 55%. Portugal, onde a queda acumulada ficou nos 20,5 %, acompanhou, no entanto, sem grande desfasamento, o percurso de recuperação da Irlanda, depois de ambos os países terem atingido mínimos de mercado sensivelmente na mesma altura, em meados de 2013. Já na Espanha – que, tal como Portugal e a Grécia, exibiu alguma resistência antes dos preços cederem ao efeito da crise -, a recuperação teve início em 2014, e após uma queda de 36,4%, os preços já recuperaram 15,3% até ao 3º trimestre de 2017. Em Portugal, a recuperação acumulada desde o mínimo do mercado foi de 17,3%. O mercado grego regista ainda uma tendência de queda (-41,1%).

“Portugal, Irlanda e Espanha recuperaram também a confiança dos investidores ao longo deste percurso, enquanto que na Grécia continua a ser evidente o desconforto dos agentes em investir no mercado. Isso mesmo é refletido na subida homóloga de preços registada nestes três países no 3º trimestre de 2017, que são mais expressivas do que em países como a Alemanha, o Reino Unido ou a França”, acrescenta Ricardo Guimarães.

No 3º trimestre de 2017, os preços das casas subiram 10,3% face ao mesmo período de 2016, enquanto que na Irlanda essa subida foi de 12,2% e na Espanha de 6,6%.