Lista de Rio. Entre assobios e aplausos, Elina Fraga divide o PSD

O nome da ex-bastonária da Ordem dos Advogados foi a maior surpresa da equipa de Rui Rio que tomou posse no congresso do PSD

Os membros eleitos para os órgãos de liderança do PSD foram chamados um a um e a expectativa à reação dos militantes, apoiantes e convidados ao nome de Elina Fraga era grande.

Foi com assobios, apupos e aplausos que a nova vice-presidente do PSD subiu as escadas para se juntar aos restantes eleitos. Aos jornalistas, a ex-bastonária da Ordem dos Advogados preferiu focar-se nos aplausos. “Eu ouvi uns aplausos de muitos militantes que estiveram comigo quando foi o combate contra o encerramento de tribunais e na defesa dos seus tribunais que foram encerrados”, afirmou.

Em causa está a queixa-crime que apresentou na Procuradoria-Geral da República contra os membros do governo anterior, tanto PSD como CDS, que aprovaram o novo mapa jurídico em que se previa o fecho de 20 tribunais e a passagem de 27 a balcões de atendimento.

Por isso mesmo, quando, no sábado, Rui Rio anunciou os elementos da lista oficial Paula Teixeira da Cruz, ministra da Justiça durante o governo de Passos Coelho, utilizou o termo “traição” para a escolha de Elina Fraga. Numa entrevista ao “Observador”, a ex-ministra lamentou que “todos aqueles que criticaram e atacaram Pedro Passos Coelho e o seu governo nas horas mais difíceis estão agora a ser premiados”.

Entre Elina Fraga e Paula Teixeira da Cruz, a relação não chegou a ser amistosa. Na abertura do Ano Judicial de 2015, Fraga afirmou, no seu discurso, que “as reformas na Justiça impostas de forma autocrática” estavam “condenadas a estimular o descrédito, que já reina, relativamente a todas as instituições democráticas, em particular na própria Justiça”.

“Rio tem todo o direito de escolher a sua equipa” Para Feliciano Barreiras Duarte, o novo secretário-geral do PSD, a “manifestação de algum descontentamento” é “normal num partido democrático”. Aos jornalistas, o social-democrata acrescentou que “Elina Fraga é uma escolha que quer significar a abertura do PSD à sociedade civil”, disse aos jornalistas, focando que “Rui Rio, como novo líder do PSD, tem todo o direito de escolher a sua equipa”.

Quando questionado sobre os apupos de Elina Fraga, que foi chamada imediatamente antes de Salvador Malheiro, o diretor de campanha de Rio tentou evitar responder. “Eu não fujo a nenhuma questão. Tudo depende se a colocam nos aplausos ou nos apupos. Quando subi as escadas não senti nenhum apupo”, disse.

Também Francisco Pinto Balsemão, militante número um do PSD, desvalorizou a situação. “É um partido que é plural, as pessoas têm liberdade de opinião”, disse. “Não somos um partido monolítico como outros que até exercem ou contribuem para o exercício do poder.”

Elina Fraga acabou o congresso “animada” e “tranquila”. “Rui Rio tem um pensamento que coincide em muito com aquilo que foram as defesas que eu fiz não só na Justiça mas também para o país, onde combati designadamente as graves assimetrias regionais”, disse aos jornalistas depois do discurso do líder do PSD.