BCE. Espanhol Luis de Guindos substitui Vítor Constâncio

Irlanda retirou a candidatura de Philip Lane à vice-presidência do BCE, alegando que escolha tinha de ser feita com base no consenso.  

O espanhol Luis de Guindos vai ocupar o cargo de vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), depois de a Irlanda ter retirado da corrida o seu candidato, Philip Lane. O ministro irlandês das Finanças, Paschal Donohoe, justificou a decisão pela vontade da Irlanda de que o novo vice-presidente do BCE seja escolhido com base num consenso, evitando-se assim uma divisão na votação.

“Há algumas semanas nomeei Philip Lane para o cargo de vice-presidente do Banco Central Europeu. Agora confirmo que não vamos apresentar esta candidatura na votação desta tarde”, referiu ontem, o governante.

A confirmação de Luis de Guindos acabou por ser feita pelo presidente do Eurogrupo, Mário Centeno. “Vamos tratar de substituir Vítor Constâncio na vice-presidência do BCE. Tínhamos dois candidatos. Fiquei a saber que o candidato irlandês já não estará como candidato, o que nos deixa Luis de Guindos”, disse Centeno à entrada do encontro dos ministros das Finanças.

No entanto, a oficialização ocorreu já a meio da tarde de ontem através de um comunicado. O atual ministro da economoa espanhol reagiu ao afirmar que “ o BCE é a instituição mais importante dentro da União Monetária. E para mim logicamente é um grande desafio”, disse. “Enfrento-o com humildade e vontade de aprender, de defender a sua independência, como sempre fiz e estou convencido que será o que sempre farei”, acrescentou.

Trata-se de uma vitória para De Guindos, que há dois anos e meio tinha tentado a presidência do Eurogrupo, mas as os colegas da Moeda Única preferiram dar o cargo a Jeroen Disselbloem, que entretanto passou a cadeira a Centeno.

Maior apoio

O candidato espanhol chegou a ser falado para presidente do Eurogrupo, mas Madrid acabaria por apoiar a candidatura de Centeno. Agora foi a vez de Portugal retribuir o apoio, o que foi assumido publicamente por António Costa.
Também França, ainda antes do encontro dos ministros das Finanças, mostrava o seu apoio ao considerar que era “o homem certo para o lugar certo”. 

Ainda assim, Philip Lane chegou a ser considerado o candidato “mais convincente” pela comissão de economia do Parlamento Europeu. “Os dois candidatos fizeram uma boa apresentação. A maioria dos grupos políticos considerou o desempenho do governador Lane mais convincente. Alguns grupos manifestaram reservas quanto à nomeação do ministro Guindos”, revelou o presidente da comissão, Roberto Gualtieri, na semana passado. 

Formalmente, o apoio terá ainda de passar pela reunião de amanhã do ECOFIN – reunião dos 28 ministros das Finanças – para ser “adotado formalmente”. Uma recomendação que segue depois para a reunião de chefes de Estado e de Governo de 22 e 23 de março. Nessa altura, e depois de ouvirem o BCE e o Parlamento Europeu, os líderes deverão confirmar e nomear finalmente De Guindos.

O cargo  será assumido no dia 1 de junho por um período de oito anos. Nos próximos dias deverá apresentar a  sua demissão da pasta da economia espanhola.