PSD. Governo de Passos massacrado pela nova direção

A primeira reunião da comissão política nacional de Rui Rio criticou e muito o executivo de Passos Coelho

Felizmente que as paredes da São Caetano à Lapa não possuem sentimentos – ou a primeira reunião da Comissão Política Nacional de Rui Rio como líder do PSD teria, no mínimo, causado remorsos. Às paredes, claro.

Ao que o i apurou junto de fonte presente na reunião, a primeira vez que os vogais e vice-presidentes de Rui Rio se sentaram à mesa da sede nacional do partido, para uma discussão que Rio rotulou como “estratégica”, foram acerrimamente críticos do governo do PSD entre 2011 e 2015, liderado por Pedro Passos Coelho.

Acerca do executivo de Passos, as temáticas que foram alvo de maior escrutínio foram a reforma administrativa e a reforma da Justiça – de que tanto Rui Rio como a sua vice-presidente Elina Fraga foram críticos na altura. (Ver o texto sobre Elina Fraga nas páginas anteriores.)

A escolha de Fraga para vice-presidente do PSD levou até a ministra da Justiça do governo de Passos Coelho, Paula Teixeira da Cruz, a reagir com acusações de “traição”, na medida em que a sua ação governativa foi alvo de um processo de Elina Fraga por alegado atentado ao Estado de direito.

Fraga, talvez por o PSD não ter a memória assim tão curta, foi assobiada no congresso do partido, no momento da sua tomada de posse enquanto vice-presidente da nova direção liderada por Rio.

No primeiro encontro da comissão política nacional de Rui Rio, Fraga respondeu a esse cenário, afirmando: “Eu também apuparia a Paula Teixeira da Cruz”. Sendo que já afirmara que voltaria a processar a ministra que serviu um governo do seu partido e ainda serve o partido, aliás, como deputada à Assembleia da República.

Elina Fraga interveio, igualmente, para falar na sua crença de que os “autarcas” estarão “habituados” a organizar “más receções”.

Rio pediu ainda aos membros da sua recém-constituída CPN para evitarem “fugas de informação” – algo que, sabe o i, o enfureceu repetidamente durante e depois da eleição interna que venceu.

“Eu também já fui da JSD [Juventude Social Democrata] e sei como era”, relembrou, apelando à maturidade institucional da sua equipa.

Regresso ao Porto O novo presidente social-democrata regressou, sabe também o i, ontem ao Porto, não estando por perto amanhã, dia em que será eleito o novo líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, nome por si indicado. Rio só regressará a Lisboa, cidade na qual dispensa residir, na próxima segunda-feira.

Na reunião referida, a justiça e as reformas não foram as únicas áreas que estiveram debaixo de críticas por parte dos membros da comissão política de Rio. Também outros erros do governo de Passos Coelho foram avaliados na sede nacional do partido.

A partir desta semana, as equipas começarão a transitar e os novos adjuntos a chegar.

O secretário-geral do partido passou a ser Feliciano Barreiras Duarte, que também tem assento na CPN, tendo deixado de ser José Matos Rosa.

Como seus adjuntos, Barreiras Duarte terá o deputado Bruno Coimbra, que coordenou a volta nacional de Rio durante as diretas, e Hugo Carneiro, jovem quadro social-democrata próximo de Rui Rio.