Marcos Caruso. “O humor é uma arma poderosíssima”

O ator e autor comemora 45 anos de carreira em maio. A conversa decorreu em Lisboa, cidade a que está bem acostumado.

Faz amanhã 66 anos, mas o número é apenas uma contingência do bilhete de identidade. O ator e autor brasileiro, que já esteve duas mãos cheias de vezes em Portugal, tanto em trabalho com em lazer, está de novo no país e desta feita veio com a peça “O Escândalo Philippe Dussaert” na bagagem. O espetáculo, em que se aventura pela primeira vez num monólogo, ganhou todos os prémios de teatro do Rio de Janeiro. O ator e autor brasileiro, que em maio comemora 45 anos de carreira, continua com a energia da juventude e a cabeça em projetos que o fazem voar. Os pés, esses, estão bem assentes na terra: “Uma crítica boa alimenta mais a minha responsabilidade do que a minha vaidade”, garante. Uma conversa que saltou as barreiras da representação, num dia em que o sol de inverno disfarçava o frio em Lisboa. “Está gostoso. Já acostumei”.

No dia de estreia da peça, havia uma cabeça que se destacava na multidão antes do espetáculo: a sua, minutos antes de entrar em cena. Não precisa de momentos em silêncio no camarim?

Eu não sou da concentração, sou da dispersão. Sei tudo o que vou fazer, mas não sei como vou fazer. Não sou uma pessoa que fica preocupada em como fazer alguma coisa. Já sei que é aquilo: como sai, não sei. Gosto do acaso. A concentração me leva a um caminho só, e a dispersão, apesar de eu saber o que quero, me leva a várias possibilidades. Então criei esta oportunidade para mim, quatro dias antes da estreia, tive essa ideia de receber o público. Foi a primeira vez que o fiz, não me queria sentir sozinho lá atrás, ficar uma 1h30 esperando público entrar, sem saber quem está na plateia na medida em que eu vou olhar para todos eles durante a conferência. Então porque não criar uma intimidade antes? 

Se não fosse um monólogo também sentiria essa necessidade?

Talvez não. Talvez precisasse daquela magia do teatro de abrir as cortinas e um personagem aparecer. Ali não é, ali é um conferencista que está falando sobre um personagem e então cabe perfeitamente essa interação o que é muito bom, porque as pessoas que só me conhecem da televisão ou do teatro me veem pessoalmente, a gente bate papo, conversa. 

Este espetáculo pede a participação das pessoas. Como se tem portado o público deste lado do Atlântico?

Tinha muita preocupação que o público lisboeta… No Porto é diferente. Aqui Lisboa se parece mais com S. Paulo, que eu não fiz ainda. E a plateia do Porto se parece mais com o Rio [de Janeiro]. Achava que, para esta peça, Lisboa seria uma plateia mais sisuda.

Mais difícil?

Mais concentrada, mais atenta e menos participativa. Portanto de uma certa forma é difícil porque tem um momento do espetáculo em que você precisa dessa interação. E fiquei inicialmente surpreso porque logo na estreia houve uma participação enorme, mais de dez pessoas falaram, num momento que não é um momento fácil do espetáculo. Nos dias seguintes, proporcionalmente, a reação até foi melhor que na estreia. E nos outros dias houve também, pelo contrário, um público mais calado em que eu precisei de estimulá-los mais. Estou muito impressionado com a plateia, temos tido um diálogo delicioso.

Acha que os portugueses são mais envergonhados do que os brasileiros nisto de meter conversa?

Não usaria a palavra envergonhado. No Brasil é tudo muito aberto, o país é muito grande, é solar, desnudo, o país não se protege. O brasileiro ri alto, fala alto, beija e abraça muito. Portugal é menor, é europeu, não é abaixo do Equador, é um país mais frio. Quando faço uma pergunta no teatro no Brasil, 150 pessoas respondem ao mesmo tempo. Aqui uma responde de cada vez, mas todas estão interessadas em responder – o português é mais sisudo, mas não é fechado, antipático e absolutamente não é envergonhado. Agora temos uma coisa em comum, que é o olhar no olho do outro. É inacreditável. Não existem povos que olhem como nos olhamos. 

Há portugueses que não sentem isso em Lisboa, por isso acho curioso que venha de fora dizer isso.

Não é verdade. Você pode falar: mas você é um ator, as pessoas olham nos seus olhos. Ainda hoje desci a rua do Telhal e tinha dois polícias na calçada, que era estreita, falando no telemóvel, e um terceiro polícia. Vinha uma senhorinha descendo e um falou para os companheiros: a senhora está a descer, deem passagem para ela. E os três cumprimentaram, deram bom dia.

Quando foi a primeira vez que viu “O Escândalo Philippe Dussaert”, qual foi a história até comprarem os direitos?

Três senhoras marchands que têm uma galeria no Rio de Janeiro foram a Paris para comprar quadros. E assistiram lá a esta peça, está em cartaz há dez anos. Depois da peça esperaram o autor, que é o próprio ator, no final do espetáculo e disseram: “Essa peça tem que ser vista no Brasil, mas nós não sabemos nada de teatro”. Foram na agente, compraram os direitos e levaram para o Brasil a peça debaixo do braço. Não sabiam para quem entregar a peça, e começaram a pensar numa série de atores dentro dos quais o meu nome constava. Por acaso, foram almoçar num restaurante onde eu estava e me disseram: “Foi Deus que fez com nós nos encontrássemos, nós temos uma peça assim e assim”. Me contaram o tema e eu falei: “Mas as senhoras existem? Para mim anjos da guarda não almoçam em restaurantes!”. Não era possível cair um presente assim. Estava a fazer uma novela e assim que acabou fui a Paris conversar com o autor, mas não quis ver a peça. 

Para não se colar?

É. Não vi, ele me deu o DVD, voltei para o Brasil, comecei a ensaiar e 20 dias antes da estreia vi o vídeo, quando já sabia exatamente como ia fazer. E não tem nada a ver uma coisa com a outra: ele [Jacques Mougenot] faz uma palestra séria, tratando de uma forma muito mais séria o tema, e nós transformámos num espetáculo muito divertido que está mais próximo do público brasileiro. Jacques ficou tão empolgado que já veio de Paris me ver em Lisboa – e não fala nada de português.

Na peça é quase só o Marcos, tem um banquinho apenas, o cenário é quase inexistente. Isto também amplifica o texto, dá mais força às palavras. Também torna mais difícil o seu trabalho?

Não tenha dúvida, porque é preciso preencher para que o público sinta que não existe apenas uma pessoa no palco, que existe uma história a ser contada, existem personagens. Tenho a certeza de que esse preenchimento só é possível quando se tem um longo tempo de carreira, é isso que dá a base para você dizer: posso estar sozinho no palco. 

Há 20 anos tinha coragem de fazer isto?

Não, nunca pensei em fazer um monólogo e sempre achei que um monólogo era um pouco um exercício de vaidade do ator. Tinha medo de ficar sozinho em cena. Estou entrando no mundo dos monólogos pela porta da frente: estou fazendo trabalho a solo, mas não estou sozinho. 

Esta peça no Brasil fez o pleno, ganhou os seis prémios…

O que você falou, pleno? 

Sim, ganhou tudo. No Brasil esta expressão não existe?

Não, adorei (risos). Fez sucesso, sim, ganhou tudo o que havia para ganhar.

E é uma peça que fala de arte contemporânea, um tema que não chama toda a gente. Por que acha que no Brasil foi tão bem recebida pela crítica e pelos espetadores?

Porque tem um diretor, o Fernando Philbert, que concebeu o espetáculo assim. Se eu entrasse e falasse sobre arte contemporânea como quem está assim cagando regra, se eu fosse um palestrante que soubesse tudo, a plateia ia se sentir burra, desconhecedora do tema, pouco inteligente. O grande público brasileiro está distante da arte em comparação a França, onde o texto foi escrito, assim como a Portugal. Porque vocês, a Europa, vivem num museu a céu aberto, nascem sabendo quem é. A primeira coisa que digo no espetáculo é logo: “Sou tão leigo quanto vocês”. E aí eu ganho o público. Surpreendentemente, a peça ganhou o prémio de melhor espetáculo de humor do Rio de Janeiro, que é a capital do humor no Brasil. Eu falei: “Mas os críticos ficaram loucos? Esse não é um espetáculo de humor, embora tenha muito bom humor”. E então os críticos falaram o seguinte: “Este prémio é para provar que você com uma conceção bem-humorada pode transformar um tema chato, cansativo, sofisticado, intelectual, numa coisa extremamente popular e que chega a toda a gente.” Chega àquela senhorinha que não entende nada e vai ver o ator da televisão, e ela sai se sentido inteligente porque entendeu um pouco de arte. É bonito isso. 

Já deu uma série de entrevistas em Portugal em que disse que a sua arte era para os outros; que precisa de respirar teatro e que o que lhe dá mais prazer é interpretar. Sente-se privilegiado por ter descoberto tão cedo qual era a sua vocação e ter a possibilidade de continuar a exercê-la?

Feliz daquele que descobre a sua vocação logo. Porque você tem tempo de pesquisar, de se inspirar, de estudar, de errar. Eu tive tempo de errar. Se eu tivesse descoberto tarde, teria que acertar logo. Se descobrisse aos 25 anos eu já tinha que começar a trabalhar. Descobri aos seis, então pude errar muito! Claro que é um privilégio, e agradeço todos os dias quando acordo de manhã a Deus pelo talento que me deu e pela inspiração quotidiana que tenho para exercê-lo. Não estou falando da boca para fora, agradeço mesmo. Pela vida, pela saúde, e por esse talento. Acho que temos que estar ligados nas nossas crianças, temos que estar atentos.

Para perceber qual é a vocação?

Sim, qual é o talento delas. Às vezes os pais tolhem, abortam talentos que você vê que a criança tem. Às vezes por preconceito, outras por autoritarismo, outras porque falta mesmo de enxergar que aquela criança está caminhando para aquele lado. Apoia, apoia, apoia! Eu fui apoiado.

Mas também estudou para não ser advogado, como contou recentemente no programa “Alta Definição”.

Também, mas quando a mãe minha faleceu fiquei muito cuidado por tias, e essas mulheres perceberam a minha tendência para a arte. Eu era uma criança mais suave, mais doce, mais feminina. Elas foram lapidando, me levando a teatro e a museu.

E isso numa altura em que podia ser reprimido em muitas casas.

Exatamente. Depois o meu pai teve até uma forma quase protetora de dizer não, que eu tinha que fazer um curso primeiro. Procurei uma faculdade que tivesse a ver um pouco para minha arte e logo me matriculei no teatro universitário para fazer Direito e Teatro. 

Já tem 44 anos de carreira, já leva uma vida a representar outras vidas. Já pode responder a uma pergunta talvez difícil, certamente cliché: qual foi o ponto alto e o grande erro da sua carreira?

Tive vários pontos altos. No teatro, como autor, foi quando em 1985 o meu país saiu da ditadura e escrevi a primeira peça que falava sobre a corrupção: “Sua Excelência, o Candidato”. Ganhei todos os prémios na época e foi a partir dali que comecei a ser considerado um autor de teatro e a escrever outras peças. Como autor na televisão foi escrevendo uma novela que substituiu o “Pantanal”, uma novela muito emblemática. Como ator de teatro o ponto alto foi com “Intimidade Indecente” com Irene Ravache que esteve em Lisboa, no Tivoli, em 2002 e 2003. Tive a responsabilidade de dividir com mais uma pessoa só o palco, e não era qualquer pessoa – era uma das melhores atrizes que temos no mundo que era a Irene. E na televisão como ator acho que foi o Leleco na “Avenida Brasil” porque a novela foi um ponto alto e dentro da novela todos fizeram sucesso. No meu caso era um personagem muito popular e que é lembrado até hoje com muito carinho pelo público. “Avenida Brasil” foi vendida para 143 países, teve uma visibilidade da minha imagem muito forte.

Não falou do “Trair e Coçar é só Começar” [a peça que escreveu em, 1986]…

Pois é, perdão! Mas não é um ponto alto porque ainda não terminou, vem sendo alto desde a estreia (risos). Vai fazer 32 anos em cena em março, hein! Já assistiram sete milhões de pessoas. Já tentei trazer para Portugal e nunca aconteceu. 

Acha que esta maneira de chegar às pessoas através do riso é a única maneira de mudar os costumes? 

Isso não sei, mas é uma forma de melhor refletir. Acho que o teatro não muda o mundo, mas faz com que as pessoas pensem em que mundo estão vivendo. E o riso relaxa, te desarma. Se você tiver que falar alguma coisa muito séria, tem que se utilizar do bom humor, não é da ironia. O humor é uma arma poderosíssima, não no teatro mas na vida! É o humor que une as pessoas. E quem se leva muito a sério é muito infeliz. Sou careca, sou narigudo, meu pescoço é grande, sou magro. Se levar os seus defeitos com humor você vive melhor, caso contrário se torna num chato insuportável.

Costuma partilhar nas suas redes sociais imagens não só de trabalho mas também de momentos familiares. Como é a sua relação com esta nova forma de comunicar, vê mais pontos negativos ou positivos?

Nem legislação completa existe sobre tudo isto. Mas nesse tatear, já percebemos que as redes sociais são poderosíssimas, democráticas, abrem uma avenida para você exercer a sua liberdade. Mas ao mesmo tempo também vai formando guetos e você só se vai dar com as pessoas que compactuarem com você. 

E não acha que corremos o risco de deixarmos de fazer aquilo de que gosta tanto nos povos latinos, o olhar no olho?

Talvez. Por isso temos que ter os pés na terra, porque isto aqui [aponta para o telemóvel] nos leva para o espaço sideral. Se deixar você voa e não volta mais. E o pé na terra é o próximo, o ser humano que está no seu lado. Tenho que olhar para alguém, e não para um ecrã, para saber que eu sou também alguém. Isto aqui [o telemóvel] é só um grande instrumento, mas se eu me tentar conhecer melhor não vai ser através disso, vai ser através de alguém que me toque. E cá as pessoas deixam tocar mesmo. Nós chegamos a França e Itália, você toca no braço, as pessoas se assustam. Você mora na Europa, você sabe. 

Vamos voltar uns anos atrás, para trazer algumas referências do Brasil do tempo em que pisou o palco pela primeira vez para a conversa. 

Quase profissionalmente, estava no final da faculdade de Direito, e fiz uma peça em 1972, em plena ditadura militar, no governo Médici, que foi muito repressivo. A peça chamava-se “Rei Momo” e na história tinha quatro escolas de samba, cada escola representava um momento da história política do Brasil. Contávamos o percurso de forma muito contundente, obviamente usando metáforas porque não podíamos falar abertamente. Descobri que o teatro tinha esse poder de abrir os olhos, de mesmo através de metáforas falar o que precisava ser dito. Fizemos esse espetáculo em vários sítios, desde sindicatos a vilas operárias, e teve um momento em que todo o elenco foi preso, menos eu porque estava com gripe naquele dia. Saí do grupo porque não queria fazer teatro político, não queria ser preso, tive medo. E não queria usar a política como bandeira no teatro, queria que o teatro fosse o palanque de todas as bandeiras – políticas, sociais, económicas. E, então, para lhe responder, naquele momento em que pisei o palco pela primeira vez o país estava a viver uma ditadura terrível. Me estreei profissionalmente, em maio de 73, com uma peça inglesa que nada tinha a ver com o Brasil, importavam-se muitos textos ingleses, americanos e franceses por causa da censura.

Hoje a situação social e política no Brasil é descrita como explosiva. Disse que quando começou não queria fazer teatro político. Neste momento que contributo acha que o seu trabalho pode dar a esta situação?

O ator não tem que ter um partido mas tem que ser um ser político. Aliás, todo o ser humano tem que ser político. E através do teatro acho que posso e devo ser o arauto das minhas ideias e do meu tempo, devo colocar o dedo na ferida dos problemas políticos, económicos e sociais. Esse é o dever do artista. Quando disse que não queria fazer teatro político falava daquele momento em 73, que seria preso. Hoje já entendi que o palco é o lugar para isso mesmo, colocar o dedo na ferida mas que isso não se faz só fazendo géneros ‘sérios’. Quero fazer tudo, mas quando for preciso gritar eu grito, como já gritei como autor, como diretor e como ator. E como cidadão! Faço uma reflexão sobre as palavras mentirosas, sobre o que nos tentam vender diariamente fazendo gato virar lebre. 

Há cada vez mais brasileiros de classe média alta a vir morar para Portugal. Sabia deste fenómeno? Como o vê?

Acho que na proporção nós trocámos muito também. Há muitos portugueses vindo para o Brasil, talvez não para morar, mas no passado já foram muito. Sei que o português vai para o Brasil não para tentar uma vida melhor, mas para desfrutar uma vida melhor. Quando a gente vem para cá, é porque a gente não está feliz. Teve um momento após as duas guerras que a Europa foi “fazer América” no Brasil porque isto aqui estava destruído. No Brasil, hoje estamos num país de desesperança por uma série de fatores. Muitas ilusões foram perdidas, a corrupção tomou conta do poder. Agora se está tentando esclarecer o que está acontecendo. A tendência é melhorar, mas quando você vai limpando a sujeira, mais aparece. Enquanto não se limpa tudo se convive com cheiros e imagens ruins e é o que estamos passando. Não tenho dúvida nenhuma de que isso vai fazer com que o país cresça. Alguns estão a ir embora, são opções pessoais, não digo que estejam errados e se Portugal está a receber os brasileiros de braços abertos agradeço em nome do meu país. Mas acho que é hora de ficar e de tentar reconstruir o que nós acreditamos ser um dos países onde melhor se vive no mundo. Um país da quinta raça, feito da mistura do negro, do índio, do branco, do amarelo, do vermelho. Temos um país abençoado pela natureza, e não estamos sabendo administrar isso. 

Vai estar agora em digressão pelo país, que expectativas tem?

Conheço o teatro do Porto e de Vila Nova de Famalicão. Nunca fiz Braga, Águeda nem Coimbra. Imagino que vou encontrar teatros lindos. Tenho a absoluta certeza de que o público do norte é efusivo, por isso a expectativa é fazer com que comunguem desse espetáculo que é feito por todos, se o público me der diesel eu consigo fazer um trabalho melhor. E estou na expectativa de comer muito bem (risos). 

Nem de propósito: quais são os seus pratos portugueses preferidos?

Todos! Acho que não gosto é do cozido, porque é muito gorduroso para mim. Gosto muito de arroz de polvo, qualquer tipo de bacalhau – aqui como bacalhau dia sim dia não – e açorda. 

Vai fazer 66 anos amanhã. Continua em Lisboa até dia 25. Como vai celebrar o seu aniversário?

Acho que alguém me fará uma surpresa, alguma coisa vai ter! Mas posso dizer que este é um dos aniversários mais felizes da minha vida. Estou vindo de trabalhos muito bem sucedidos, estou em Portugal que é um país que eu amo de paixão, já vim muitas vezes trabalhando e umas oito ou dez vezes só para passear. Estou num momento lindo da minha vida pessoal, física e intelectual, tenho filhos, netos e um pai vivo com 97 anos. Estou rodeado de amigos. A responsabilidade da crítica boa supera sempre a vaidade, mas o facto de estar sozinho no palco e saber que 600 pessoas por noite vão me ver porque apreciam o meu trabalho me deixa muito vaidoso. Esse é o meu maior presente.