Pariza Tabriz: ‘A Princesa da Segurança’ da Google

Pariza Tabriz ficou conhecida como a ‘Princesa da Segurança’ durante uma conferência no Japão sobre cibersegurança. Dirige uma equipa de trinta hackers na Google que todos os dias trabalha com o objetivo de descobrir vulnerabilidades e novas formas de ataques.

O Google Chrome é o browser mais seguro do mercado? 

Penso que sim. Fomos o primeiro browser a usar atualizações automáticas. Isso significa que garantimos que o utilizador está sempre protegido contra novas formas de ataques e que corrige bugs [falhas no sistema] mais rapidamente.

Quais são os principais desafios da tua equipa para tornar o Chrome mais seguro?

Começa por termos um código com mais de 10 milhões de linhas, o que representa um grande risco. Temos centenas de engenheiros por todo o mundo que tentam melhorar o browser, acrescentar novas funcionalidades e corrigir falhas. Outro desafio é melhorar a forma como alertamos os utilizadores para sites inseguros de uma forma muito simples para que qualquer pessoa perceba os riscos. Se mostrarmos um aviso com muitos pormenores técnicos muitas pessoas não vão perceber o perigo que isso pode representar. 

Qual é o método mais utilizado para roubar informação ou dados aos utilizadores?

Uma das coisas que tentamos fazer é integrar o que chamamos de Navegação Segura com a verificação a duas etapas. Isso permite-nos identificar se é um site de phishing [ver texto principal] ou se é um site malicioso. Portanto, se achamos que podes descarregar um ficheiro que pode tentar saber qual é a tua password mostramos um aviso. O ideal é que os utilizadores nunca estejam expostos a uma tomada de decisão que possa comprometer os seus dados pessoais. 

O Google Chrome é um browser seguro para crianças?

Sim. Há muitas definições que permitem garantir a segurança nos conteúdos que queremos mostrar às crianças. 

Pensar como um hacker é importante no teu trabalho?

Acho que é importante para a segurança. Muitas vezes tento ensinar a outros engenheiros que é importante pensar como um hacker, porque se assim não acontecer não nos vamos conseguir defender. É muito importante pensarmos no que pode correr mal. Só se pensarmos desta forma é que vamos conseguir defender-nos dos ataques. 

Foi fácil teres conseguido chegar onde chegaste numa indústria maioritariamente representada por homens?

É uma questão complicada. Talvez tenha tido sorte por ter dois irmãos, joguei futebol em criança e sempre estive rodeada por muitos homens, por isso não foi assim tão diferente do que estava habituada. Tenho reparado recentemente, especialmente desde que fiquei mais sénior dentro da Google, que há poucas mulheres e penso que isso seja um problema. 

Achas que essa realidade está a mudar?

Sinto que tive boas experiências, mas também tive algumas más por me terem tratado de forma diferente por ser mulher e sei de outras mulheres que tiveram experiências muito más. Penso que, apesar da minha experiência ter sido relativamente boa, sinto que ainda temos um longo caminho a percorrer para não haver essas diferenças.

{relacionados}