Montepio. Nova administração ainda à espera do ok do BdP

Nuno Mota Pinto envolto em polémica por incumprimento de uma linha de crédito de 80 mil euros, que entretanto foi regularizada

A lista dos sete administradores executivos e dos oito não executivos para a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) continua à espera da aprovação por parte do Banco de Portugal (BdP), mas este já deu luz verde à mudança de estatutos da instituição financeira, soube o i. Nuno Mota Pinto foi o nome escolhido para suceder a Félix Morgado, mas foi revelado ontem pela imprensa que teria um crédito em atraso no montante de 80 mil euros. Ao que o i apurou, este montante já foi regularizado e esta situação tinha sido comunicada e justificada tanto à estrutura acionista como ao próprio regulador assim que foi convidado para o cargo.

Em causa estava o incumprimento de uma linha de crédito de 80 mil euros no Novo Banco que tinha sido pedida para ajudar numa cirurgia de um familiar, e por viver nos Estados Unidos, Nuno Mota Pinto esteve entre julho e novembro passados sem vir a Portugal, o que terá atrasado estes pagamentos, soube o i.

Ainda assim, fonte ligada ao processo diz ao i que esta é uma situação “ultrapassável” e que não irá comprometer a avaliação de idoneidade por parte do Banco de Portugal, uma vez que “todo o processo foi transparente”. E como tal, não vê razões para que Nuno Mota Pinto não assuma o cargo assim que a nova lista de administração seja aprovada.

Recorde-se que o conselho geral da Associação Mutualista Montepio Geral questionou – numa carta enviada a Vítor Melícias e aos restantes membros do conselho – o facto de haver entre os futuros administradores executivos do banco “alguém que a 12 de dezembro de 2017 fazia parte das listagens do Banco de Portugal como tendo crédito em atraso”.

Nesse documento sublinhavam que não apoiavam esta nomeação, sem referirem, no entanto, o nome de Nuno Mota Pinto. “Não entendemos que significado pode ter (esta pessoa) pertencer à comissão executiva de uma instituição bancária que terá certamente de dar grande importância ao crédito em mora”, sublinham Carlos Areal e Viriato M. Silva, nessa mesma carta.

Nova administração Ao nome de Nuno Mota Pinto junta-se ainda Carlos Leiria Pinto, que vai ser o número dois da administração da instituição financeira, e também ele vem do Banco Mundial. Juntam-se-lhes ainda Pedro Alves e José Carlos Mateus, que saem da direção da associação mutualista para a caixa económica.

Já Francisco Fonseca da Silva transita do conselho geral de supervisão para chairman do banco. O mesmo acontece com Vítor Martins e Luís Guimarães, já que esta mudança de administração da instituição financeira, que implicou a aprovação prévia dos novos estatutos – entretanto viabilizados pelo regulador –, irá trazer um novo modelo de governação no banco, deixando de existir o atual conselho geral de supervisão e o conselho fiscal.

Ao que tudo indica, a nova lista de administradores reúne o consenso da estrutura acionista e “adequa-se ao perfil requerido para a execução da estratégia definida no sentido de dar cumprimento aos objetivos de transformação da CEMG na instituição financeira portuguesa de referência para a economia social”.