EUA. Sob pressão máxima, empresas abandonam a NRA

Organização não aceita alterações à lei das armas. Os cortes institucionais, porém, são sobretudo simbólicos. 

A onda de pressão invulgarmente forte no rescaldo do mais recente tiroteio norte-americo atinge por estes dias a grande organização defensora da livre compra de quase qualquer tipo de armamento, a NRA (National Rifle Association, em inglês). Por insistência dos seus clientes, bancos, operadoras aéreas, empresas de aluguer de automóveis e de mudanças, por exemplo, anunciaram nos ultimos dias que vão terminar as ofertas especiais a membros da NRA.

A grande sangria ocorreu na sexta-feira e este sábado restavam apenas um punhado das mais de 20 empresas que até esta semana ofereciam descontos ou outros géneros de promoções a membros da NRA. Com mais ou menos justificações, as firmas dizem que a sua identidade comercial é incompatível com a postura intransigente da NRA no que diz respeito às leis de compra de armas, especialmente num momento de profundo ativismo social. 

A organização, um dos grandes pesos-pesados nas operações de lobi em Washington, gastando todas as eleições milhões de dólares em contribuições políticas, recusa-se a aceitar qualquer alteração às leis atuais. É a NRA que alinha grande parte dos discursos conservadores ouvidos no rescaldo de tiroteios, nos quais, por exemplo, políticos republicanos afirmam que "não são as armas que matam pessoas, são as pessoas que matam pessoas". 

Este sábado, a Delta Airlines e a United Airlines anunciaram que vão abandonar os pacotes de oferta a membros da NRA. Na sexta, a empresa de alugues de carros Hertz fez o mesmo, assim como a Avis, Norton, MetLife, SimpliSafe, e outras. As poucas grandes empresas ainda no plano de ofertas a membros da NRA são a gigante da correspondência Fedex, por exemplo, e algumas das principais empresas privadas de cuidados de saúde norte-americanos. 

O corte de relações com a National Rifle Association é acima de tudo simbólico. A organização defensora da livre circulação de armas é financiada principalmente através das quotas de militantes, assim como pelos grandes comerciantes de armas de fogo nos EUA. Donald Trump e grande parte das duas maiorias conservadores no Congresso norte-americano são apoiados pela NRA e beneficiaram de milhões de dólares em ajudas de campanha.