Síria. A trégua ainda não trouxe paz

Bombardeamentos continuam depois de cessar-fogo aprovado.

Os caças do regime de Bashar al-Assad bombardearam novamente os bairros dos arredores de Damasco umas horas depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter aprovado um cessar-fogo de 30 dias no conflito.

Os ataques, que em todo o caso foram menos intensos do que na última semana, foram acompanhados este domingo de incursões no solo pelo exército sírio, que, observando pelos meios que se acumulam nos acessos a Ghuta Oriental, se prepara para uma invasão terrestre. Morreram três pessoas nos bombardeamentos do regime, segundo avançava a BBC.

O cessar-fogo foi aprovado na noite de sábado depois de por duas vezes a delegação russa no Conselho de Segurança ter adiado o voto. Moscovo exigia alterações ao documento e conseguiu-as.

Uma delas implica que a trégua de 30 dias não se aplique aos grupos Frente al-Nusra – um satélite da Al-Qaeda na Síria, que se aliou a outros grupos armados na Ghuta Oriental – e ao Estado Islâmico, que não tem presença nos arredores de Damasco. A segunda alteração foi sobre a entrada em vigor da trégua: o cessar-fogo não tem data prevista para entrar em vigor, o que pode dar margem de manobra ao regime para terminar as operações de bombardeamento a Ghuta.

A chanceler alemã e o presidente francês telefonaram este domingo ao presidente russo Vladimir Putin pedindo-lhe que acelere o cessar-fogo.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma organização com sede no Reino Unido que conta os mortos através de ativistas no terreno, disse no sábado que só na semana passada morreram 500 civis nas bombas do regime sírio nos bairros de Ghuta Oriental. Os capacetes brancos afirmavam no sábado terem contado 350 mortos, mas admitiam que ainda há muitos cadáveres por encontrar.