BE vai dar volta ao país na defesa do SNS

Bloco promove roteiro em defesa do Serviço Nacional de Saúde e acusa Governo de não ter coragem para atacar os lóbis. Louçã teme que ‘geringonça’ possa dar sinais de degradação.

BE vai dar volta ao país na defesa do SNS

O Bloco de Esquerda vai dar a volta ao país com várias iniciativas em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS). O roteiro em defesa do SNS surge numa altura em que o partido de Catarina Martins tem tecido  duras críticas ao ministro Adalberto Campos Fernandes. 

«Queremos que os profissionais de saúde e os utentes se juntem ao Bloco de Esquerda, sejam ou não do BE, com o objetivo comum de defender o SNS. Temos de criar este movimento, porque o Governo do PS tem sido insuficiente para fazer aquilo que é preciso fazer em defesa do SNS», diz ao SOL o deputado bloquista Moisés Ferreira. 
Para este mês de março estão agendadas sessões em Torres Novas, Vila Real, Coimbra, Beja, Faro, Setúbal, Viseu, Salvaterra de Magos, Rio Maior e Tomar. O programa ainda não está completo, mas é certo que este roteiro vai culminar no mês de abril  em Lisboa e Porto.

«O Governo do PS tem sido muito insuficiente para fazer aquilo que é preciso fazer em defesa do SNS. Não tem tido coragem de atacar os lóbis e os negócios que parasitam o Serviço Nacional de Saúde. Um dos aspetos que mais está a fragilizar a saúde é o facto de os privados estarem a tentar parasitar o SNS», acrescenta o deputado Moisés Ferreira. 

A política de Saúde tem sido alvo de críticas de vários dirigentes do Bloco de Esquerda. O líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, numa entrevista ao Público, deixou claro que o Governo optou por um caminho diferente daquele que é preconizado pelos bloquistas. «O que manda nas escolhas da saúde é o défice e isso, para nós, é questionável. É uma escolha que está a lesar o serviço público e as pessoas», disse.

Francisco Louçã, antigo coordenador do Bloco, admitiu mesmo recentemente que  existe o risco de a geringonça começar a degradar-se se o Governo não agir para melhorar o Serviço Nacional de Saúde. «Se em 2018, numa matéria como o Serviço Nacional de Saúde, não houver avanços muito significativos no sentido da recuperação da confiança, se não houver esse avanço, a maioria vai começar a degradar-se, vai começar a dar sinais de degradação», afirmou o ex-coordenador do Bloco de Esquerda, no seu habitual comentário ma SIC. 

Louçã considerou que o Serviço Nacional de Saúde «está enfraquecido, devido à falta de recursos humanos e de equipamento, e o Governo «devia estar muito mais atento».

Catarina Martins, no arranque deste roteiro dedicado à saúde, em Aveiro, apontou o dedo ao ministro da Saúde.  «É difícil de compreender que o ministro da Saúde não consiga chegar a entendimento nem com os médicos, nem com os enfermeiros, nem com os técnicos de diagnóstico e terapêutica, nem com os farmacêuticos dos hospitais, nem com os auxiliares»

A coordenadora do BE lamentou que os profissionais de saúde estejam «a trabalhar horas a mais» e «a acumular tarefas de uma forma impossível». 

Não foi a primeira vez que Catarina Martins criticou Adalberto Campos Fernandes. No debate com António Costa, na Assembleia da República, em meados de fevereiro, a líder dos bloquistas argumentou que o ministro tem «problemas com todos os profissionais de saúde menos com os administradores dos hospitais e clínicas privadas que dependem do Estado para sobreviver».  

PCP volta a criticar encontros entre Costa e Rui Rio 

O diálogo do governo com o PSD voltou a motivar críticas dos partidos de esquerda, nomeadamente do PCP. Jerónimo de Sousa defendeu que «a verificar-se essa convergência o resultado não é bom porque a vida provou isso. Não é apenas a opinião do PCP. Foi a própria vida do nosso país, a política realizada, com um bloco central mais ou menos formal». 

Os comunistas já tinham feito, há uma semana, um comunicado a criticar que «o PS e o seu Governo, seguindo as suas opções de classe ao serviço do grande capital, assume cada vez mais a convergência com o PSD e o CDS». Após uma visita à OGMA (Indústria Aeronáutica de Portugal), em Alverca, o secretário-geral do PCP defendeu que  «o grande problema é que isto não vai lá com geometrias variáveis, mas com a rutura com a política de direita que nos tem afligido durante tantos anos e procurar uma saída patriótica e de esquerda». 

O editorial do jornal Avante! volta também a fazer referência aos eventuais acordos entre os socialistas e os sociais-democratas. «Prosseguem de igual modo os esforços do grande capital para salvaguardar os seus interesses estimulando a convergência do PS e PSD (com ou sem o CDS). A recente rejeição na Assembleia da República com os votos conjuntos do PS, PSD e CDS do projeto de lei do PCP de reposição do pagamento do trabalho extra e em dias feriados, diversas declarações de dirigentes do PS e PSD assinalando pontos de consenso e até a indicação de prioridades para as suas prioridades de convergência (descentralização, fundos comunitários, Justiça, etc.) são disso sintomático indicador», lê-se no editorial do jornal do PCP.

Já Catarina Martins defendeu que «mais importante do que debater reuniões, encontros ou desencontros, é debater propostas políticas concretas». Catarina Martins garantiu que «o Bloco de Esquerda não sente qualquer necessidade desse diálogo» com a direita sobre investimento público. 

Bloco de Esquerda pressiona António Costa 

No encerramento das jornadas parlamentares, os bloquistas exigiram ao governo que cumpra o acordo  para a valorização das carreiras contributivas de longa duração. «O desafio que lançamos é que o Governo cumpra por escrito a palavra que deu a este parceiro e que durante o primeiro trimestre do ano leve por diante a segunda fase de acesso à reforma para as longas carreiras contributivas», disse o líder parlamentar do BE.

Pedro Filipe Soares garantiu que «se o Governo, até ao final do mês do março, não cumprir a palavra dada», o Bloco de Esquerda tem «já marcado um potestativo para 11 de abril», no qual vai propor «esta legislação que implementa aquilo que o Governo tinha previsto».