Piloto fala sobre falsa queda de Canadair em Pedrógão: “tivemos de avisar as nossas famílias”

Fernando Adrados foi um dos pilotos espanhóis mobilizados para o combate a incêndios no verão passado

“Éramos 11, de cinco países diferentes, e ele [controlador terrestre] não sabia quem tinha caído. Naquela altura não via os meus companheiros espanhóis, pensei que eram eles. E evidentemente que me assustei, porque estavam lá os meus amigos naqueles aviões.” Fernando Adrados, piloto espanhol que no último verão esteve mobilizado no combate aos incêndios em Portugal, lembrou em entrevista à TSF a notícia que chegou a circular de que um dos Canadair tinha caído. “Como a notícia surgiu, não sei. À cabina do meu avião chegou-me por rádio, pela frequência do controlador terrestre, que diz que alguém viu uma explosão enquanto passavam os aviões.(…) Não é fácil. Fica-se a pensar o voo todo sobre isso. A procurar o outro avião. A tentar que a equipa de regaste pudesse ir salvar essa tripulação que não existia. Não é fácil voar assim. Para mim era muito difícil concentrar-me", disse Fernando Adrados, lembrando ainda que, depois deste percalço, tiveram de avisar as famílias de que estavam bem.

O alerta deste alegado acidente foi dado por volta das 17 horas do dia 20 de junho, no combate ao incêndio fatídico de Pedrógão Grande, e teve origem em fontes da Proteção Civil, sendo desmentido horas depois. Ter-se-á tratado da explosão de uma roulotte com botijas de gás.

Na entrevista concedida à TSF, o piloto espanhol defende maior coordenação e entende que essa foi uma das principais falhas no verão passado. “Todos fizemos o que pudemos. Tanto os portugueses como a ajuda que veio de fora. O que digo é que a coordenação e a preparação tem de ser antecipada. Não só em Portugal como em todos os países. Em Portugal, o que aconteceu foi haver falta de coordenação durante a extinção”.