Reitor da universidade Fernando Pessoa julgado à porta fechada

Defesa pediu que ninguém pudesse assistir às sessões, nem mesmo jornalistas, para preservar o seu prestígio. Juiz aceitou, apesar de a regra serem julgamentos públicos

O reitor da Universidade Fernando Pessoa, Salvato Trigo, está a ser julgado no Juízo Local Criminal do Porto por um desvio de “pelo menos” três milhões de euros da instituição, mas tudo está a decorrer à porta fechada. Apesar de por norma os julgamentos serem público, neste caso a defesa invocou que a presença de audiência ou jornalistas na sala poderia por em causa o prestígio do arguido e o juiz aceitou a argumentação.

Segundo noticiado ontem pelo “Público”, o julgamento decorre já desde outubro e a fundamentação usada para que não fosse público é a de que a publicidade do mesmo poderia trazer “danos irreparáveis na imagem e no bom nome” da instituição, bem como no dos alunos e funcionários. Isto apesar e de a investigação ter apontado que os alegados beneficiários de tal desvio tenham sido Salvato Trigo e a família – o que se traduziu numa acusação pela prática de um crime de infidelidade.

Além dos danos para a instituição, a defesa alegou que um julgamento normal, ou seja, público poderia acarretar danos para o prestígio de Salvato Trigo, uma “personalidade de reconhecido mérito e prestígio no meio universitário nacional e internacional”. Até porque, considera ainda a defesa, a acusação é “um atentado da sua honorabilidade profissional e pessoal, bem como do seu bom nome”.

O “Público” refere ainda ter sido defendido desde o início também “que os factos submetidos a julgamento poderão ter repercussão mediática, o que necessariamente terá um efeito nefasto no normal funcionamento da Universidade Fernando Pessoa e hospital-escola”.

As alegações finais deste caso estão serão já no final deste mês.

Alvo de outra investigação

Salvato Trigo, a mulher e a filha são alvo de um outro inquérito, que teve início em 2015, por fraude fiscal. Os três foram mesmo constituídos arguidos, neste inquérito do Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto que teve origem precisamente em dados que surgiram na investigação que culminou com a acusação por suspeitas do desvio de três milhões de euros da fundação que detém a universidade Fernando Pessoa.

Ainda de acordo com aquele diário, após as várias correções já feitas, o fisco exigiu entretanto o pagamento de mais de 1,4 milhões de euros de impostos tanto ao reitor, como à sua mulher, a uma sociedade da filha e à própria fundação.