André Gomes: “Às vezes não quero sair de casa”

O português que integra o Barcelona admite estar a viver um período negro da sua carreira (com vídeo)

André Gomes chegou ao Barcelona em julho de 2016, depois de os blaugrana terem desembolsado 35 milhões de euros pelo médio ao Valência. Desde esse momento que a vida do português não tem sido um mar de rosas. 

Desde o primeiro jogo com a camisola do Barça que o ex-Benfica tem sido alvo de duras críticas por parte da imprensa espanhola e catalã, além dos constantes assobios a que tem sempre direito vindos dos seus próprios adeptos.

Um dos exemplos mais recentes que comprova precisamente o cerco apertado em que vive aconteceu no encontro entre o Atético de Madrid e o Barcelona, no domingo (4 março). Nem a vitória blaugrana levou a que a imprensa poupasse… o português, que havia entrado para substituir o lesionado Iniesta ainda na primeira metade.

“André Gomes não é jogador para o Barcelona. Ernesto Valverde não partilha dessa opinião e continua a dar-lhe oportunidades que o português não conquista em campo”, escrevia o desportivo espanhol Marca.

“Ver que André Gomes ocupa o lugar de Iniesta em campo é como planear umas férias na Nova Zelândia e, no final acabar no mesmo sítio. Pode correr bem, mas não há dúvida de que não é o mesmo”, podia ler-se na mesma publicação.

Agora, André Gomes decidiu falar pela primeira vez sobre a má fase que admite estar a atravessar no país vizinho. À revista Panenka, o jovem de 24 anos disse que por vezes nem tem vontade de sair de casa. 

"Não me sinto bem em campo, não estou a desfrutar. Os primeiros seis meses correram bem, mas depois as coisas mudaram. Talvez a palavra não seja a mais correta, mas tornou-se um pouco num inferno, porque comecei a ter mais pressão. Convivo bem com a pressão, não convivo bem é com a pressão em mim mesmo”, revelou o médio.

A falta de confiança, segundo explica, é uma das razões para as coisas não lhe saírem bem em campo. Algo que, contudo, garante não sentir junto dos companheiros, nos treinos. "Até nos treinos se nota. Aí sabes que estás a sofrer. Talvez tenha jogado no dia anterior ou dois dias antes e ainda tenho aquela imagem do jogo, que não me permite seguir em frente. Nos treinos sinto-me bem com os meus colegas, mas a sensação que tenho nos jogos é má”, adiantou o médio que confessou não estar a conseguir desfrutar em campo.

A pressão que impõe sobre si mesmo é, na perspetiva do jogador, uma das razões que mais o tem atormentado. De tal modo que confessou que chega a não querer sair de casa "por sentir vergonha".

"Já me aconteceu, em mais do que uma ocasião, não querer sair de casa porque as pessoas podem olhar-me de lado. Ter medo de sair de casa por sentir vergonha". "Incomoda-me que me digam que consigo fazer as coisas bem, porque me pergunto a mim mesmo: ‘Então porque não as faço?'”, questiona-se.